Diversificação alimentar nas crianças de famílias vegetarianas exige respostas dos CSP no presente e no futuro

No dia 22 de setembro , o 21º Encontro Nacional de Internos e Jovens MF vai acolher a mesa-redonda «Diversificação alimentar em famílias vegetarianas», organizada em parceria com a Comissão de Internos de MGF da Zona Centro (CIMGFZC). A sessão versará sobre a diversificação alimentar nas crianças das famílias vegetarianas e os desafios que os MF enfrentam em conjunto com estas famílias, quando as crianças iniciam o seu percurso de diversificação alimentar após o primeiro semestre de vida e o consumo exclusivo de leite.

De acordo com a representante da CIMGFZC Márcia Azevedo, os participantes na iniciativa poderão “contar com uma sessão partilhada entre uma nutricionista vegetariana, Sandra Gomes Silva, e uma médica de família, Drª Nádia Sepúlveda, dedicadas a este tema da diversificação alimentar, nomeadamente em crianças de famílias vegetarianas. Vão ter a oportunidade de conhecer conselhos práticos para dar a estas famílias e esclarecer dúvidas que possam trazer dos consultórios. A CIMGFZC convida, pois, todos a assistir à sessão que abordará um tema cada vez mais frequente e para o qual, a maioria de nós, não tem formação”.

A sua colega Inês Laia sublinha o facto de os vegetarianos representarem já uma percentagem significativa dos utentes integrados em listas de MF, o que justifica por parte dos profissionais de saúde uma atenção especial às especificidades destas famílias: “segundo dados da Associação Vegetariana Portuguesa, em 2021, a prevalência de portugueses que fazem uma decisão consciente em diminuir o consumo de carne ou peixe, com substituição progressiva da proteína animal pela vegetal, tem aumentado consideravelmente, estimando-se em cerca de 9% da população. Outros estudos sugerem ainda que cerca de 40% dos portugueses, ainda que não se identifiquem como vegetarianos, têm optado pela diminuição do consumo de carne. No entanto, esta área não era abordada em grande detalhe no curso de Medicina, e muitos médicos de família podem não se sentir capacitados para esclarecer dúvidas a este respeito”.

As entidades responsáveis pela construção de normas e orientações também parecem ter dedicado ainda pouco tempo e recursos a esta problemática, como recorda Márcia Azevedo: “existem dois documentos da DGS, com a participação da nutricionista que será palestrante na sessão, a saber «Alimentação vegetariana em idade escolar» (de 2016) e «Linhas de Orientação para uma alimentação vegetariana saudável» (de 2015), com uma breve referência à diversificação alimentar. A Associação Vegetariana Portuguesa tem dois e-books disponíveis para leitura, «Comendo bem: bebês e crianças veganas (até 5 anos)» (de 2014), traduzido da First Steps Nutrition Trust e «Alimentação vegetariana – grávidas, bebés e crianças», mais recente, de 2021. Ou seja, podemos dizer que há pouca divulgação destes documentos e formação ainda muito escassa dos médicos sobre este tema”.

Para Inês Laia, é importante relembrar neste contexto que “a faixa etária onde se enquadra a maioria dos portugueses vegetarianos é a dos 18 aos 34 anos, precisamente os jovens adultos que começam a planear e a criar as suas famílias. Cada vez mais pais vegetarianos optam por introduzir os alimentos aos seus lactentes seguindo também uma dieta vegetariana. No entanto, por se desviar da norma, este caminho muitas vezes suscita dúvidas aos pais e aos MF, daí que tenha surgido este tema, sendo o objetivo desta sessão ensinar as bases da diversificação alimentar vegetariana, assim como fornecer algumas dicas e receitas simples para os pais”.

Ana Rita Laranjeiro, igualmente membro da CIMGFZC, explica que o modelo de organização implementado pela APMGF no Encontro Nacional de Internos e Jovens MF, inclusivo relativamente aos jovens médicos de família e comissões de internos de todas as regiões do país, “vem aproximar o abstrato da realidade, uma vez que cada médico tem oportunidade de se fazer ouvir, através dos pares, enriquecendo o seu currículo e melhorando, assim, a qualidade dos seus cuidados”.

 

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