Luís Monteiro (médico de família/coordenador na USF Esgueira +, docente do Departamento de Ciências Médicas da Universidade de Aveiro e investigador do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde – CINTESIS) é o mais recente especialista em MGF a concluir provas de doutoramento, na circunstância na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), apresentando a tese «Strategies to improve the quality of prescription in older adults».
O júri das provas foi presidido por José Manuel Estevão da Costa (FMUP), enquanto Luiz Miguel Santiago (Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra – FMUC) e Inês Rosendo (igualmente da FMUC) desempenharam a função de arguentes. O orientador da tese foi Carlos Martins (CINTESIS – Universidade do Porto) e as co-orientadoras Andreia Sofia Teixeira e Matilde Soares (ambas da FMUP).
A longa viagem académica que trouxe Luís Monteiro até este doutoramento teve, porventura, o seu impulso inicial numa figura do passado que nem sequer está vinculada à Medicina: “o físico Richard Feynman, que esteve sempre muito ligado à área da eletrodinâmica quântica e ganhou o Prémio Nobel da Física em 1965, ficou conhecido por inspirar as pessoas a fazerem ciência. E acabou também por me ajudar a formular a pergunta certa para avançar neste doutoramento. De facto, quando ainda era estudante de Medicina percebi que os doentes idosos levavam para o consultório um saco cheio de medicamentos, um retrato indesmentível da polimedicação e do recurso a medicamentos inapropriados para estas pessoas e um problema difícil de gerir para doentes, familiares e profissionais de saúde. E a questão sempre ficou a ecoar na minha mente… por que é que isto acontece e poderemos fazer algo para modificar tal cenário?”.
Assim, a pergunta fundamental que sustenta a tese de doutoramento de Luís Monteiro foi-se desenvolvendo e pode ser resumida da seguinte forma: que estratégias e soluções podemos colocar em prática para melhorar a prescrição que envolve os idosos? A resposta bem sucedida a este desafio acarreta óbvias vantagens para toda a sociedade, na medida em que esta é uma população particularmente vulnerável à polifarmácia e à prescrição potencialmente inadequada. No contexto do doutoramento e para responder de modo cabal à mencionada questão, foram realizados dois estudos, um primeiro destinado a “avaliar se as ferramentas informatizadas de apoio à decisão podem potencialmente levar a uma redução de prescrições inapropriadas ou medicamentos potencialmente inapropriados em pacientes idosos” e um segundo, desenhado com o intuito de “traduzir e validar a ferramenta de avaliação da prescrição de idosos e a ferramenta de avaliação para alertar para tratamento correto (STOPP/START)”, com vista à sua utilização por parte dos médicos portugueses.
De acordo com Luís Monteiro, os resultados do primeiro estudo apontam para a evidência clara de que “as ferramentas informatizadas ajudam realmente a melhorar a qualidade da prescrição no idoso”, enquanto que por intermédio do segundo estudo a equipa de investigadores conseguiu traduzir e adaptar para português os critérios STOPP/START, “uma ferramenta muito útil para todos os colegas”. O coordenador na USF Esgueira + refere ainda que estes dois estudos da tese deram origem à publicação no passado recente de quatro artigos científicos, mas ressalva que se trata de um esforço de investigação em continuum: “após a tese encerrada, a equipa continua a trabalhar e produziu outro artigo, que encerra o protocolo da futura ferramenta que estamos a construir”.