O 21º Encontro Nacional de Internos e Jovens Médicos de Família arrancou com a realização de vários dos seus cursos intensivos, reunindo no Pólo de Ponte de Lima da Universidade Fernando Pessoa cerca de meia centena de formandos e formadores. O Curso Leonardo EURACT Nível 1 para Formadores de Medicina, que decorre ao longo de toda a iniciativa e até sábado, dia 23 de setembro, foi uma das formações mais procuradas, demonstrando que apesar das muitas dificuldades sentidas no terreno, nas unidades funcionais dos cuidados de saúde primários, com o conhecido aumento da pressão assistencial, um grande número de jovens internos e especialistas não desiste da missão de ajudar a formar colegas com qualidade e exigência.
“Vejo nestes novos colegas, especialmente entre os mais jovens – que tão mal têm sido tratados no nosso país – muita motivação e interesse por esta formação do EURACT, que é muito diferente daquilo que é habitual em formações de sala, pouco burocrática e nada aborrecida, permitindo às pessoas aprenderem e promovendo alterações de comportamento”, refere Luís Filipe Gomes, um dos formadores do curso EURACT. Para este dinamizador, torna-se claro que “estes colegas querem formar profissionais, pares, apesar dos entraves que sentem no dia-a-dia e dos quais já estão fartos”. Vários dos participantes deste curso, apesar de não assumirem no presente ainda funções de formação, demonstraram grande apetência para avançar nesse sentido, o que significa, na perspetiva de Luís Filipe Gomes, que de certa forma o futuro da transmissão de conhecimento interpares está garantido: “trabalhos publicados no passado comprovaram-nos que o melhor preditor para se ser um bom formador é desejar sê-lo. Ou seja, este grupo que connosco trabalha estes dias é composto por bons médicos, que têm talento para a formação e se transformarão em excelentes formadores. Infelizmente, poderão é vir a concretizar essa vontade apenas no setor privado, se continuarmos no caminho que levamos”.
Outra oportunidade de aprendizagem importante associada ao 21º Encontro Nacional de Internos e Jovens Médicos de Família centrou-se no tema da prescrição segura e sem receios de fármacos em Saúde Mental. A formadora Filipa Andrade (psiquiatra do Hospital de São João, no Porto) assegura que o treino dos médicos de família nesta área é essencial, já que “existe em Portugal uma elevada prevalência de perturbações mentais, nomeadamente de perturbações depressivas e ansiosas. Neste sentido, o médico de família, o clínico que melhor conhece o doente e o observa em primeira linha, deve ser capaz de introduzir medicação psicofarmacológica sem grandes receios e tratar com eficácia estas patologias. Este campo de intervenção medicamentosa continua a ser alvo de algum estigma, mesmo por parte dos doentes, que deve ser combatido pelos médicos de família”.