Jornadas do GRESP colocam em destacam relação próxima entre doenças respiratórias e outras patologias e inovações no tratamento da asma

O primeiro dia das 9ªs Jornadas do Grupo de Doenças Respiratórias (GRESP) da APMGF, que decorrem em Coimbra entre 19 e 20 de outubro com aproximadamente 430 inscritos, conheceu um dos seus momentos chave com a mesa «DPOC e comorbilidades», que reuniu representantes quer do GRESP, quer de outros grupos de estudos da Associação. O intuito, à partida, era perceber de que forma a gestão do doente com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) deve incorporar outro tipo de preocupações ligadas a patologias não respiratórias, nomeadamente no que diz respeito à diabetes, às doenças cardiovasculares e doenças mentais. No final da sessão, Rui Costa (diretor da Sãvida Medicina Apoiada e ex-coordenador do GRESP) classificou o debate como muito produtivo e “pertinente a ideia de criar no futuro um position paper do GRESP com vários outros grupos de estudo da APMGF. Cada vez mais o trabalho pluridisciplinar é valioso e todos ganhamos com o mesmo”. Rui Costa frisou o facto de muitas destas patologias e os seus tratamentos se influenciarem mutuamente e de a DPOC, em particular “ser uma doença de alto risco cardiovascular”, com os doentes que dela sofrem a merecerem ser equiparados a doentes com diabetes ou doença renal crónica, do ponto de vista da estratificação do risco.

Presença incontornável nestas jornadas foi a de Arzu Yorgancıoğlu, professora do Departamento de Pneumologia da Celal Bayar University (Turquia) e chair da Global Initiative for Asthma (GINA). Esta responsável veio a Portugal antes de mais para ajudar os colegas portugueses a familiarizarem-se com as recentes guidelines da GINA e referiu em Coimbra que “apesar de existirem estas guidelines para melhorar os cuidados aos doentes com asma, subsistem barreiras significativas ao progresso neste campo, em particular obstáculos como a educação dos pacientes e o acesso a medicamentos. Em muitos países em vias de desenvolvimento os profissionais e doentes apenas têm acesso a corticosteroides sistémicos. Assim, não é possível recomendar o que é convencional nas guidelines da GINA nestes contextos, torna-se infelizmente necessário adaptar o diagnóstico e tratamento em tais geografias”. A chair da GINA recordou no entanto alguns exemplos positivos a nível internacional, como é o caso do “programa de tratamento de asma finlandês, um programa de grande sucesso, a partir do qual devemos extrair as melhores lições, assim como o programa de controlo da asma vigente nos cuidados de saúde primários canadianos”.

Relativamente à sua participação no evento do GRESP, Arzu Yorgancıoğlu mostrou-se muito “agradada com o interesse e atenção dos colegas que trabalham nos cuidados de saúde primários em Portugal. A asma é uma doença crónica e portanto torna-se crucial a colaboração dos profissionais dos cuidados de saúde primários na gestão da asma. As duas mensagens importantes que eu, em representação da GINA, quis deixar aqui, envolvem a noção de que o impacto fundamental da asma, em termos de morbilidade e mortalidade, ocorre em países de baixo ou médio rendimento (o que significa que necessitamos de um acesso mais facilitado a medicação nestes países) e, por outro lado, a relevância do ambiente para as tomadas de decisão na asma. Como vimos aqui presencialmente, em Coimbra, as alterações climáticas estão a afetar a vida de todos nós, o nosso planeta e os nossos doentes. Dito isto, a GINA recomenda que quando o prescritor opta por um inalador para o doente, deve levar em consideração estas questões ambientais, zelando assim não só pela segurança do paciente, mas também pela segurança ambiental”.

 

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