Em entrevista no programa 360º da RTP3, o presidente da APMGF explicou que a classe médica está preocupada com o facto de a negociação entre sindicatos e Ministério da Saúde não ter um desfecho à vista, destacando que o “essencial continua por ser concretizado”, em particular “a valorização do salário base, que deveria acontecer para todos os médicos sem exceção”, com o executivo a dar preferência a “múltiplos regimes, suplementos, horas extra e acréscimos remuneratórios, cada vez mais difíceis de atingir e que, na realidade, não representam nada para a maioria dos médicos”.
Nuno Jacinto alertou também para perigos que espreitam na área dos cuidados de saúde primários (CSP) em especial caso algumas ideias do governo avancem, como a de “tentar associar a remuneração dos profissionais à prescrição de medicamentos e meios complementares de diagnóstico”. O dirigente sustentou que os médicos ainda não têm por parte da tutela aquilo por que clamam há muito tempo, “uma verdadeira valorização e um verdadeiro respeito pelo trabalho dos médicos. Essa valorização e esse respeito têm de se traduzir, obviamente, numa remuneração base justa”.
Nuno Jacinto frisou ainda que, no presente, existem “profissionais a trabalharem cada vez mais horas e a receber indignamente para aquilo que é a sua responsabilidade”. A isto acresce, nos CSP e segundo o presidente da APMGF, a circunstância de os médicos de família “terem cada vez mais tarefas burocráticas e listas de utentes aumentadas e sobre-dimensionadas, que não permitem dar uma resposta adequada”.