Convidado a comentar na TVI os resultados não inteiramente satisfatórios da atual campanha de vacinação contra a gripe, que este ano foi desenhada com o intuito de colocar as farmácias comunitárias num papel de destaque e que arrancou tardiamente, o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) sublinhou as diferenças para a época transata, quando o esforço vacinal estava sobretudo concentrado nas unidades dos cuidados de saúde primários: “anteriormente, os centros de saúde convocavam os utentes que estavam em falta para serem vacinados e essas listagens eram acompanhadas de perto. Passámos dessa atitude para uma atitude mais expectante, com a vacinação nas farmácias. Ou seja, as pessoas podem vacinar-se em qualquer farmácia, mas é o próprio utente que tem de ativamente se dirigir à farmácia e solicitar a vacina”.
Nuno Jacinto explicou, em paralelo, que o país está a “atingir os resultados esperados mas com atraso. Significa isto que, nesta altura, em que já estamos na fase ascendente do pico gripal, vamos ter mais pessoas doentes, pessoas mais vulneráveis com doença grave a necessitarem de cuidados médicos quer nos centros de saúde, quer nos hospitais ou a precisarem inclusive de internamento. Em determinados casos, podemos encontrar complicações que podem conduzir à morte”.
Refira-se que Portugal, de acordo com os números oficiais, ainda não terá atingido a meta proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de 75% de cobertura vacinal para o grupo demográfico dos indivíduos com 65 ou mais anos de idade. O ano passado, na mesma data, tal fasquia já tinha sido ultrapassada, com estimativas a apontarem para 80% dos cidadãos com 65 ou mais anos de idade vacinados.