Jornadas de MGF de Évora juntam centena e meia de profissionais imparáveis no seu ímpeto formativo

As 33ªs Jornadas de Medicina Geral e Familiar (MGF) de Évora, organizadas pela Delegação de Évora da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), comprovaram que mesmo em tempos de alguma incerteza e de grande pressão assistencial, a formação pós-graduada e contínua em MGF é fundamental e apreciada pelos profissionais, ao reunir nos dias 7 e 8 de março aproximadamente 150 participantes.

O encontro regional da MGF no Alentejo cresceu assim relativamente aos últimos anos, no que respeita à afluência, facto que a delegada da APMGF em Évora e membro da comissão organizadora, Helena Gonçalves, justifica antes de mais pelos temas debatidos: “foram muito interessantes, destacando-se desde logo entre eles a Inteligência Artificial, que está muito na ordem do dia, mas também a sexualidade feminina, a menopausa e mutilação genital feminina, matérias enquadradas também pela celebração do Dia Internacional da Mulher. São assuntos que despertam a curiosidade dos profissionais, já que vivemos num mundo diferente, com tecnologia em permanente transformação e a presença nas nossas comunidades de novas culturas e novas famílias”.

A reformulação do sistema de saúde a nível local, com o desaparecimento dos ACeS e a criação de novas unidades locais de saúde no Alentejo, veio neste início de 2024 gerar alguma ansiedade nas equipas de saúde, mas parece não ter perturbado a dinâmica das Jornadas, explica Helena Gonçalves: “registou-se em todo este processo um cuidado explícito em manter alguma continuidade de atuação. Isto significa que as pessoas não deixam de vir às Jornadas por constrangimentos nos serviços, o que é muito bom. A minha expectativa, aliás, é que independentemente das configurações do sistema de saúde, as Jornadas no futuro tenham sempre muita procura, porque a formação, individual ou em grupo, não pode ser interrompida no caso dos profissionais de saúde. Faz parte da nossa atividade clínica mantermo-nos em constante atualização e os médicos de família, mesmo com as dificuldades naturais do dia a dia e da sua agenda, vão no presente e no futuro assegurar que têm tempo e oportunidade de contactarem uns com os outros, de aprenderem a fazer e a pensar de forma diferente, após tomarem conhecimento da experiência dos seus pares. Na realidade, os médicos têm um interesse muito próprio de inovar e melhorar a sua prática”.

O presidente da APMGF e diretor clínico para os cuidados de saúde primários da Unidade Local de Saúde (ULS) do Alentejo Central, Nuno Jacinto, referiu na cerimónia de abertura do evento que este é “um local de encontro entre amigos, onde nos sentimos bem, ano após ano” e que apesar da renovação de caras na dimensão organizativa, “tem sido possível manter o mesmo espírito”. O dirigente sublinhou ainda que 2024 é um momento “de transformação naquilo que é a nossa vida enquanto médicos de família e na organização do SNS” e que os colegas, em conjunto com dúvidas e medos, também carregam em si “a vontade de fazer mais e melhor”. Dito isto, Nuno Jacinto garantiu que é essencial nesta fase decisiva que todos lutem, tal como a APMGF, “por esta especialidade que escolhemos e amamos, que a defendam até às últimas consequências”, mas sobretudo que é imprescindível para os médicos de família se sentirem realizados: “é importante que sejamos felizes naquilo que fazemos. Esse deve ser o nosso maior objetivo. Se não formos profissionais valorizados e reconhecidos – algo que ainda nos falta muitas vezes – não estaremos bem no nosso local de trabalho e jamais seremos felizes. E, na realidade, os médicos de família merecem ser felizes e têm de nos dar as condições para o sermos”.

Já o presidente do conselho de administração da ULS do Alentejo Central, Vítor Fialho, quis deixar nestas jornadas uma nota de tranquilidade aos especialistas em MGF da região: “temos um projeto a três anos para a ULS, escolhemos as melhores pessoas e temos a melhor equipa. As limitações financeiras acontecem sempre, num país como o nosso, mas vamos lutar contra estas marés e ventos por forma a implementar aquilo que queremos. Não nos desviaremos e no final do projeto desejamos resolver a questão dos 20 mil doentes do Alentejo Central, entre 166 mil inscritos nos CSP, que não possuem médico de família. Para tal, estamos a reunir com os colegas mais novos, que fazem a saída para a especialidade este ano e no próximo, já que são eles que nos podem ajudar a concretizar o projeto. Estamos, aliás, muito entusiasmados com a reação dos colegas mais novos, que nos leva a pensar não estarmos perante uma utopia, mas algo perfeitamente realizável”.

Como é tradicional nos grandes eventos da APMGF, foram revelados na cerimónia de encerramento das 33ªs Jornadas de MGF de Èvora os prémios para os melhores trabalhos científicos. Aqui fica a lista de distinguidos:

Comunicações Orais

 

Menção Honrosa na categoria de «Relato de Caso»

“Lombalgia: a não esquecer! – A propósito de dois casos clínicos”

Alysha Amad1, Rita Sebastião1, Inês Fernandes1, Joana Matos1

1 USF da Luz, ACeS Lisboa Norte

Prémio na categoria de «Revisão de Tema»

“Explorando o papel da vitamina D na gravidez”

Catarina Madeira Afonso1, Tiago Dias2, Nuno Do Amparo3, Ana Catarina Rosa4, Carlos Bica5

1 USF Planície, 2 Escola de Enfermagem São João de Deus, 3 Unidade de Saúde Pública do Alentejo Central, 4 Hospital José Joaquim Fernandes, E.P.E, 5 USF Alcaides

Posters

 

“A pretexto de um cigarro na gravidez – Trabalho de Melhoria da Qualidade”

Cassilda Pinto1, Mónica Sousa1, Carlos Rebelo1

1 USF Raia Maior – ULSNA

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