Paulo Santos, Editor chefe da RPMGF – “Vamos continuar a promover a ciência na MGF, com rigor e qualidade”

Recentemente a Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (RPMGF) foi indexada à base de dados de publicações open access Directory of Open Access Journals (DOAJ), que agrega mais de vinte mil publicações científicas indexadas, num universo de 134 países. Este é mais um marco importante na caminhada de afirmação da Revista que melhor representa a Medicina Familiar e os médicos de família portugueses, mas não significa o fim das ambições da equipa editorial que a dirige, como podemos perceber nesta breve entrevista com o seu Editor-chefe, Paulo Santos.

 

O que é exatamente a DOAJ e que tipo de publicações estão representadas nesta base?

Paulo Santos – A DOAJ, Directory of Open Access Journals, é uma base de dados que indexa artigos publicados no regime de open access, ou seja, de acesso livre para o leitor, como é o caso da nossa RPMGF que desde sempre disponibiliza todo o conteúdo sem custos para o leitor, no início em papel e desde há uns anos completamente online. Engloba artigos de qualquer área científica de revistas que publiquem pelo menos 5 números por ano com uma estrutura científica.

O que significa para a RPMGF ser indexada à DOAJ?

A DOAJ tem critérios muito restritos de avaliação das revistas. Esses critérios tornaram-se um gold standard internacional para a publicação em open access. Ser indexado nesta revista significa que fomos reconhecidos como estando a fazer um trabalho honesto, rigoroso e transparente. Além de que estamos em mais um motor de pesquisa, o que aumenta a visibilidade dos nossos artigos e dos nossos autores no panorama científico internacional.

O processo de indexação foi difícil e moroso?

Não diria difícil, mas moroso. Os critérios de indexação já estavam assumidos pela equipa editorial, ainda que os processos não estivessem completamente descritos nas nossas normas de submissão, nem explícitos no processo editorial. Foi um trabalho interessante de auditar a nossa prática e estruturá-la por uma norma internacional. Hoje, a RPMGF está mais forte, não pelo compromisso e dedicação dos editores que sempre esteve presente, mas porque nos comprometemos de uma forma mais estruturada.

E agora, que outros passos decisivos pretende a equipa da RPMGF dar para aumentar a visibilidade nacional e internacional da Revista?

Há uns anos atrás éramos a revista mais lida em Portugal, o que nos deixava orgulhosos na perspetiva de estarmos a estruturar a nossa especialidade, o nosso perfil profissional e a formação dos nossos internos. Era também o tempo do papel e da revista impressa e distribuída a todos os sócios da APMGF, com uma tiragem de 5000 exemplares.

Hoje as métricas são diferentes. Os artigos publicados na RPMGF estão disponíveis na net. Temos uma média de 45.000 acessos mensais a artigos específicos (não à revista como um todo). Os artigos estão indexados em diversas bases de dados, começando pela Scielo que atualmente está integrada na Web of Science e até à mais recente DOAJ. Mais do que isso, temos aumentado o número de citações que significa maior visibilidade e maior relevância no mundo académico.

É esta a nossa missão: melhorar a qualidade da publicação científica em Portugal ao nível dos Cuidados de Saúde Primários e especificamente da MGF e com isso dar uma visibilidade científica à nossa prática, que sabemos ser de grande qualidade assistencial no dia-a-dia. Para isso tivemos de mudar métodos, organização e até tipologias de artigos que deixamos de aceitar para publicação. Aumentámos o número de artigos de investigação original. Temos uma comissão científica alargada e robusta, composta por algumas de pessoas que em Portugal mais contribuem para a ciência na MGF, e conseguimos criar um comité internacional. Melhorámos a penetração nos médicos dos países lusófonos em leitores e em autores. Queremos cada vez mais artigos publicados em inglês, o que facilitará a leitura e naturalmente a citação no mundo científico.

Para o futuro, vamos continuar a promover a ciência na MGF, com rigor e qualidade, e a mostrar ao mundo o que se faz por cá. Vamos continuar a concorrer neste mercado, alinhando com os standards internacionais e concorrendo, uma a uma, às bases de referências bibliográficas que são uma montra importante, mas também um compromisso e uma garantia de qualidade.

 

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