As alterações climáticas são consideradas uma das maiores ameaças à saúde global do Planeta no século XXI. O conceito de One Health envolve uma abordagem integrada e unificadora que reconhece que a saúde dos seres humanos, animais, plantas e o ambiente em geral (incluindo os ecossistemas) estão intimamente ligados e interdependentes.
Enquanto médicos de família, através da longitudinalidade, dos cuidados centrados na pessoa e pelo nosso papel na prevenção, na coordenação de cuidados, entre tantas outras competências, estamos numa posição privilegiada para podermos liderar as mudanças necessárias para a mitigação e adaptação às alterações climáticas.
Dessa forma, urge a necessidade de integrar uma abordagem One Health diariamente na nossa prática clínica, para podermos reduzir o impacto direto que as alterações climáticas e os fenómenos climáticos extremos estão a ter na saúde dos nossos utentes, bem como para reduzir a emissão de gases de efeito de estufa, que contribuem para a pegada carbónica. A destacar, que o setor da saúde, nomeadamente os cuidados de saúde primários contribuem com cerca de 5% do total das emissões globais destes gases. Sabe-se que uma única consulta presencial de Medicina Geral e Familiar pode ter uma pegada de cerca de 66 kg de CO², o que equivale a uma viagem de ida de avião de Lisboa a Madrid.
Temos um papel preponderante a desempenhar tanto a nível das nossas escolhas individuais como no âmbito dos cuidados aos nossos utentes privilegiando medidas que beneficiem tanto o utente como o planeta, como por exemplo, promovendo o uso de transportes coletivos, privilegiando uma dieta pobre em carnes vermelhas e rica em vegetais e a nível da prescrição farmacológica privilegiando, por exemplo, os inaladores de pó seco, quando possível e adequado ao nosso utente. Qualquer mudança faz a diferença e é possível começar já hoje. A APMGF é membro do Conselho Português para a Saúde Ambiente desde 2022 e está empenhada em liderar esta mudança porque, juntos, o impacto será maior!