Encontro do Alto Minho reforça importância da formação e do contacto entre pares num período desafiante para os MF

Vila Praia de Âncora acolheu este ano a 24ª edição do Encontro de MGF do Alto Minho, um evento organizado pela Delegação Distrital de Viana do Castelo da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) que recebeu 166 participantes naquela acolhedora e pitoresca localidade minhota.

Na ocasião, o presidente da APMGF e conferencista de encerramento, Nuno Jacinto, aliou a sua comunicação sobre o médico de família enquanto pilar do SNS ao recente anúncio do governo sobre as medidas contidas no Plano de Emergência e de Transformação para a Saúde (PETS), elucidando os presentes sobre as dúvidas que o assaltam, nesta fase complexa para a MGF: “é dito no documento que é necessário aproveitar ao máximo e esgotar a capacidade de resposta do SNS. Ora, assumindo que não temos médicos nas unidades parados e sem trabalhar só existem duas maneiras de o fazer. Ou obrigamos quem está no sistema a trabalhar mais, ou vamos buscar mais recursos. E não foi dito nada em específico na apresentação do plano sobre ir buscar mais recursos, algo que nos deixa obviamente preocupados”. Para o dirigente associativo, “a aposta deste plano teria de ser – e esperamos que ainda possa ser – aumentar a atratividade do SNS para os médicos de família”, porém tal meta está dependente da dignificação da carreira e das condições de trabalho destes profissionais, de forma a captar mais recursos que estão fora do setor público ou do país, já que “começa a ser difícil fazer omeletas com os mesmos ovos”. Por fim, Nuno Jacinto avisou que a receita para dar a cada português um médico de família não passa por distribuir incentivos de forma descontrolada: “os incentivos resolvem parte do problema, até se atingir um teto. A partir desse teto, podem pagar o que quiserem que a situação não se resolverá, porque os médicos existentes não podem trabalhar mais do que 24 horas num dia! Assim sendo, ou vamos buscar mais profissionais, ou deixamos para trás tarefas que habitualmente realizamos”.

Sofia Azevedo, MF na USF Uarcos e delegada distrital da APMGF em Viana do Castelo, frisa que o Encontro do Alto Minho assumiu o lema «Médico de Família, o pilar na prestação de cuidados de saúde» por bons motivos e que não serão os obstáculos colocados à frente da MGF e dos CSP que farão os médicos de família (MF) e a APMGF desanimarem: “a Associação tem desempenhado um papel fundamental no esforço de mostrar o papel do MF e o Dr. Nuno Jacinto é a pessoa que tem dado a cara pela especialidade e mostrado a realidade vivida nas unidades à sociedade portuguesa. Ao convidarmos o presidente da APMGF para fechar o Encontro, a ideia era precisamente a de que ele nos transmitisse uma mensagem positiva, otimista e de esperança no futuro”. Na ótica da delegada distrital da APMGF em Viana do Castelo, “a Associação tem o dever de mostrar o que representa o trabalho dos MF e o que é o exercício da MGF com qualidade. É indispensável que as pessoas que passaram por este Encontro percebam também o posicionamento, a função e a importância da APMGF, neste momento difícil para o sistema de saúde e para a MGF, se envolvam mais nas atividades associativas, porque juntos conseguimos fazer muito mais, melhorar a prestação de cuidados e a nossa qualidade de vida enquanto profissionais de saúde”.

No que respeita à escolha de Vila Praia de Âncora como local para a realização do evento, Sofia Azevedo frisa que as expectativas não saíram goradas: “o último Encontro do Alto Minho realizado no concelho de Caminha teve lugar precisamente em Caminha. Desta vez, a USF Vale do Âncora mostrou vontade em que o evento se realizasse em Vila Praia de Âncora, onde a unidade se situa. Fomos muito bem acolhidos. O Centro Social e Cultural de Vila Praia de Âncora e a Escola Profissional ETAP fizeram um trabalho extraordinário e de grande qualidade. Por outro lado, podemos realizar, na companhia de um técnico da Câmara Municipal de Caminha, uma visita guiada pela povoação, para nos inteirarmos da historia e evolução da mesma. Este é um aspeto que sempre considerámos essencial nos nossos Encontros, não ir aos locais apenas aprender Medicina mas igualmente familiarizar-nos com as comunidades, já que isso nos torna melhores cuidadores. É esta formação em proximidade que tentamos trazer ao Alto Minho e que responde às necessidades sentidas pelos MF, no dia-a-dia”. Para o ano, a Delegação de Viana do Castelo já decidiu realizar o Encontro em Ponte de Lima, regressando assim ao interior do distrito.

Lurdes Matos, MF na USF Gil Eanes (Viana do Castelo) e membro da comissão organizadora da iniciativa, recorda que os workshops foram muito participados e que o horário adotado para alguns, ao fim do dia, “facilita a presença dos colegas”. Um destes workshops foi dinamizado pelo Grupo de Estudos da Sexualidade (GESEX) da APMGF, dando continuidade a uma parceria frutífera entre a Delegação Distrital de Viana do Castelo e os grupos de estudos da Associação, como refere Lurdes Matos: “já contámos como colaborações no passado do Grupo de Estudos de Genética, do Grupo de Estudos da Dor e do Grupo de Estudos em Cuidados Paliativos, que trouxeram até nos formadores para estas ações”.

Daniela Alves, recém-especialista e membro da comissão organizadora sublinha, por seu turno, a importância da permanente interação com outras especialidades clínicas na região, a qual permite enriquecer em muito este Encontro do Alto Minho, com sessões dedicadas a áreas clínicas e patologias específicas: “a dinâmica destas sessões depende um pouco da forma como os grupos de internos das diversas especialidades desejam abordar cada temática. Este ano, por exemplo, os internos da área da Infecciologia desenharam uma ação mais centrada no debate de casos clínicos, enquanto os colegas ligados às patologias músculo-esqueléticas optaram por uma exposição mais teórica, seguida de um painel de comentadores disponíveis para retirar dúvidas”.

Para André Carvalho, membro da Delegação Distrital de Viana do Castelo e MF na USF Arcos Saúde (Arcos de Valdevez), o facto de os centros de saúde e a unidade hospitalar no Alto Minho estarem integrados numa unidade local de saúde há mais de década e meia tem vindo a facilitar a realização de eventos formativos com interesse para ambas as partes (CSP e hospital): “nós fazemos a maioria dos estágios do internato no hospital de referência, em Viana do Castelo, pelo que vamos tendo contacto com as diversas especialidades e colegas. Para a MGF, é fundamental estes colegas aceitarem vir falar connosco a propósito de temas muito relevantes para a prática clínica. Veja-se o exemplo da Medicina Física e de Reabilitação (MFR), que lida com casos de patologia músculo-esquelética, muito prevalente na nossa consulta, com doentes a procurem-nos diariamente com queixas neste domínio. A presença dos colegas possibilita-nos, assim, recordar alguns conceitos, aprimorar a semiologia, o diagnóstico, o tratamento e requisição de exames complementares. Em complemento, permite-nos perceber que técnicas e consultas diferenciadas o hospital tem hoje para oferecer aos nossos utentes, até porque o Serviço de MFR em Viana do Castelo é recente e tem vindo a desenvolver-se. De facto, se não soubermos o que os colegas do hospital estão a fazer ou têm disponível, não vamos referenciar o doente para a consulta e deste modo este não beneficiará de um tratamento oportuno”.

Prémios Científicos

 

Comunicação Livre – Investigação

Prémio

PROJETO INVESTIGAÇÃO “ON/OFF”

Diana Isabel Souto da Silva1, Catarina Braga Leite2, Estefânia Curralo da Cruz Pereira Teixeira3, Ana Cátia Cerqueira Morais1, Ana Rita Domingues Fernandes3, Rita Susana Ferreira Ribeiro3, Sílvia Maria Duarte Cunha3

1 USF UarcoS – ULSAM, 2 USF Arcos Saúde – ULSAM, 3 USF Vale do Vez – ULSAM

Comunicação Livre – Melhoria Contínua da Qualidade

Prémio

INTERVENÇÃO PARA A CESSAÇÃO TABÁGICA EM POPULAÇÃO DE RISCO – UM CICLO COMPLETO DE MELHORIA DA QUALIDADE

Marlene Miranda1, Inês Ribeiro1, Ana Filipa Lopes1, Andreia Ramôa1, Sandra Garrido1

1 USF Viatodos – ULS Barcelos/Esposende

Comunicação Livre – Relato de Caso

Menção Honrosa

DOENÇA CELÍACA: DIAGNÓSTICO POR ANEMIA DE NOVO – RELATO DE CASO

Alexandre Pedro e Silva1, José Manuel Seara1

1 ULSAM – USF Arquis Nova

Comunicação Livre – Relato de Caso

Menção Honrosa

DESVENDAR RISCOS OCULTOS: UM CASO DE VASOESPAMO CORONÁRIO EM JOVEM “SAUDÁVEL”

João Francisco Poças1, João Lemos2, Inês Gomes Castro1, Isabel Carvalho1, Helena Cabral1

1 USF Cedofeita, 2 USF Cedofeita

Comunicação Livre – Relato de Caso

Prémio

O DESAFIO DIAGNÓSTICO DO CARCINOMA ESPINOCELULAR SUBUNGUEAL-UM RELATO DE CASO

Ana Figueiras1, Maria Luís Cambão1, Pedro Marques1

1 USF Cuidarte, ULSAM

Comunicação Livre – Revisão de Tema

Prémio

O IMPACTO DO JEJUM INTERMITENTE NA MELHORIA DA RESISTÊNCIA À INSULINA

Diana Marinha Cruz1, Anita Gomes da Costa2, Bárbara Lima Gomes2

1 ULSAM, 2 HPVC

Comunicação Livre – Relato de Prática

Menção Honrosa

LOVAH PRE-CONFERENCE EXCHANGE 2024 – RELATO DE PRÁTICA

Diana Isabel Souto da Silva1

1 USF UarcoS – ULSAM

Comunicação Livre – Poster – Relato de Caso

Menção Honrosa

NEM SEMPRE TUDO É O QUE PARECE – RELATO DE CASO DE NÓDULO PULMONAR SOLITÁRIO

Ana Luísa Monteiro1, Jacinta Pereira, Inês Lima1

1 USF Lethes

Comunicação Livre – Poster – Relato de Caso

Prémio

“JÁ NÃO CONSIGO OLHAR NINGUÉM NOS OLHOS” – RELATO DE CASO SOBRE IATROGENIA

Jacinta Pereira1, Ana Luísa Monteiro1

1 USF Lethes

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