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Raquel Duarte                                                      Miguel Guimarães
                      quer desenvolver                                                   está convencido
                      melhorias no sistema                                               de que o primeiro
                      de integração entre                                                ministro pouco
                      cuidados primários e                                               tem feito pelos
                      cuidados hospitalares                                              médicos de família
                                                                                         portugueses
















                     Todos concordam:

                     É preciso continuar a investir nos CSP



                     Políticos e dirigentes da saúde alinharam pelo mesmo diapasão no fecho do 36º Encontro Nacional de
                     MGF: a rede dos cuidados de saúde primários e as unidades de saúde familiar (USF) têm de continuar

                     a crescer, em volume e qualidade, a bem dos portugueses. Onde parecem discordar é no empenho do
                     governo para chegar a tal meta


                              a intervenção que dirigiu   hospitalares. Não é fácil conseguir isto,   ficará a trabalhar no SNS”. O bastonário   Sr. Primeiro ministro já afirmou, os cui-
                              aos participantes no 36º   mas dentro da minha equipa estamos,   relembrou que os médicos portugueses   dados de saúde primários são a base do
                       NEncontro Nacional, a se-      neste momento, a trabalhar para aperfei-  “são hoje desejados nos melhores países   SNS. Quero querer que sem os 5600
                     cretária de Estado da Saúde, Raquel   çoar tal integração”.       europeus e mundiais” e que para os reter   médicos de família, nas 850 unidades
                     Duarte, declarou que “os médicos de fa-  Raquel Duarte defendeu que “a pre-  é importante apostar em boas condições   que temos espalhadas pelo país, não se-
                     mília estão na linha da frente do Serviço   sente legislatura tem colocado especial   de  trabalho  e  de  organização  dos  CSP.   ria possível continuar a suportar o SNS.
                     Nacional de Saúde (SNS) e sabem-no”,   enfoque  na  MGF”  e  que  “este  governo   O dirigente lembrou que as condições   Aliás,  os  resultados  que  o  SNS  tem
                     admitindo ainda que para “um colega de   assumiu como prioridade a expansão da   presentes em que laboram os médicos   conseguido  nas  últimas  décadas  muito
                     Medicina Geral e Familiar (MGF) desen-  rede de CSP”. Mais, a secretária de Esta-  de família portugueses são árduas, “com   devem aos médicos de família”.
                     volver a sua atividade de forma adequada   do garantiu que o executivo “continua-  listas demasiado grandes, para mais quan-  Mas  para  estes  profissionais  continua-
                     tem de contar com boas condições de   rá a apostar no modelo USF, que já foi   do Troika já nos abandonou. Mil e nove-  rem  a  desenvolver  bem  o  seu  trabalho
                     trabalho”. A governante acrescentou que   claramente identificado e avaliado”, mas   centos utentes, um valor que é real em   e  darem  contributos importantes  para
                     o país, como um todo, deve “ter o nú-  que é importante “pensar em formas es-  muitas listas de colegas, é algo de exa-  o SNS, é fundamental que a aposta nos
                     mero suficiente de médicos, mais USF e   tratégicas de adaptar o modelo a áreas   gerado, que limita o tempo que os mé-  CSP seja uma realidade contínua e que
                     um bom sistema de articulação com os   geográficas menos povoadas”.   dicos de família têm de ter com os seus   os decisores políticos ouçam as organi-
                     demais serviços de saúde” e reconhe-  Já o bastonário da Ordem dos Médicos   doentes. Temos de começar a corrigir   zações que representam quem está no
                     ceu que “o sistema de integração existe,   frisou em Braga “que o Primeiro minis-  estas condições, não só ao nível das listas   terreno.  “Precisamos  de  mais  espaço  e
                     mas não é fantástico. Se queremos que   tro, apesar de acreditar que é na linha da   e dos sistemas de informação, mas tam-  tempo para levar ideias válidas ao Minis-
                     os médicos de família sejam os principais   frente que os médicos de família devem   bém em termos de tarefas burocráticas e   tério da Saúde, que colhemos junto dos
                     responsáveis pelo indivíduo ao longo do   estar – pelas declarações que tem profe-  administrativas que os médicos de família   colegas. Por isso, pedimos que nos ou-
                     seu ciclo de vida, temos de permitir que   rido – pouco tem feito por eles”.  deveriam deixar de fazer”.   çam no Ministério da Saúde. É algo que
                     haja rápido acesso aos cuidados hospita-  No que respeita em particular aos jovens                  aconteceu no passado com regularidade,
                     lares, mas também que o colega da MGF   especialistas,  Miguel Guimarães  decla-  Ministério tem de ouvir mais   mas que ultimamente tem sido mais difí-
                     possa  receber  rapidamente  o  doente,   rou que “se lhes derem oportunidade, a   Rui Nogueira, presidente da APMGF   cil”, referiu Rui Nogueira na presença da
                     quando este já não precisa de cuidados   imensa maioria deles (senão a  totalidade)   recordou  na  ocasião  que  “tal  como  o   secretária de Estado da Saúde.


                      Dez evidências clínicas de 2018 em destaque

                           s 10 Evidências Clínicas de 2018
                        Amais relevantes para especialida-
                      de de MGF foram dissecadas com mes-
                      tria por António Vaz Carneiro, diretor
                      do Centro de Estudos de Medicina Ba-
                      seada na Evidência (CEMBE) e da Co-
                      chrane Portugal, com o apoio de Raquel
                      Vareda  e  Juan  José  Rachadell  (ambos
                      colaboradores do CEMBE), no encerra-
                      mento do 36º Encontro Nacional.
                      As principais novidades científicas rela-
                      tadas concentraram-se em áreas como
                      os sintomas musculares das estatinas, a
                      irrelevância da realização de ECG como
                      medida  preventiva  cardiovascular  em
                      doentes de baixo risco e a urgência de
                      a  comunidade  médica  reconsiderar  os
                      critérios de diagnóstico de pré-diabetes,
                      numa  perspetiva  preventiva  das  suas
                      complicações.

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