FormaçãoGerais

Formação internacional durante e após o internato veio para ficar

22º CNMGF e 17º ENIJMF

“A formação externa/internacional é uma inevitabilidade. Num futuro próximo julgo que não será sequer possível termos um programa de internato que não contemple este tipo de formação”, afirmou Rui Nogueira no 22ºCNMGF e 17º ENIJMF, no âmbito de uma sessão sobre estágios internacionais. O presidente da APMGF ressalvou ainda que é necessário criar um enquadramento que facilite também a realização de formação em unidades de saúde fora do país, em áreas de conhecimento muito específico, para os médicos que já são especialistas de Medicina Geral e Familiar mas que podem crescer enquanto pessoas e profissionais com este género de experiência formativa internacional.

Já Daniel Pinto, coordenador do Internato de MGF da Região de Lisboa e Vale do Tejo, sublinhou que existem várias barreiras à inclusão deste tipo de estágios durante o período do internato, como a circunstância de muitas vezes não ser emitida uma nota quantitativa, que impede a coordenação de lançar um certificado de avaliação que possa ser valorado na avaliação final do interno, a inexistência de informação sobre a qualidade fidedigna dos serviços de saúde onde são realizados os estágios ou a falta de garantias caso aconteça um acidente de trabalho. “Por outro lado, há que perceber se estes colegas vão colocar «a mão na massa» ou fazer estágios meramente observacionais. É que a grande maioria não se regista junto das autoridades dos países destino equivalentes à Ordem dos Médicos e, portanto, está impedida de exercer atividade clínica”.

Beatriz Silva (interna da USF Pulsar) apresentou alguns dados provenientes de uma auscultação feita a internos portugueses, dos quais se destaca o facto de grande percentagem dos inquiridos apontar a vontade de conhecer outras realidades de prática clínica e outro tipo de populações como a razão primordial para procurarem estes estágios.

O dever de potenciar ao máximo o benefício das vacinas para a saúde pública 

O congresso das Caldas da Rainha representou uma oportunidade para ilustrar o impacto positivo das vacinas na população portuguesa e reforçar o papel do médico de família, como agente fundamental na prevenção de doenças graves, cujas consequências podem ser evitadas ou mitigadas com a imunização. Relativamente à doença invasiva meningocócica do grupo B, o pediatra Gustavo Januário lembrou que já existe uma solução vacinal de quatro componentes, a primeira a ser estudada com administração concomitante de paracetamol profilático. O mesmo especialista alertou para o facto de terem diminuído o número de casos de MenB em Portugal a partir de 2014, data da chegada da vacina ao nosso mercado e para a necessidade, premente, de vacinar as crianças o mais cedo possível, já que segundo os últimos dados a doença ataca cedo, com um pico de incidência aos 5 meses de vida. Gustavo Januário abordou também o contexto britânico, já que o Reino Unido foi o primeiro país a introduzir esta vacina de quatro componentes no seu plano nacional de vacinação, tendo já sido administradas 3 milhões de doses desde setembro de 2015. “Trata-se de um caso de sucesso evidente, com diminuição de mortalidade e sem registo significativo de eventos adversos como o aumento de convulsões ou de doença de Kawasaki”.

Mas também a vacina da gripe foi objeto de profunda reflexão neste congresso. O pneumologista e colaborador da DGS Filipe Froes dissipou alguns mitos sobre as sequelas da doença, em particular a ideia de que a gripe já não mata, que apenas atinge indivíduos mais velhos e debilitados e que os vírus influenza B são menos graves nas suas consequências. Embora tenha notado que Portugal é o país com a quinta melhor cobertura vacinal contra a gripe na Europa, o pneumologista acredita que é possível fazer melhor no que respeita ao esforço vacinal e que todos devem procurar não desvalorizar o curso da doença: “eu vejo pessoas a morrerem nos cuidados intensivos como resultado direto da gripe. Trata-se de uma realidade, não de uma mistificação”. Filipe Froes apelou ainda aos profissionais de saúde para darem o exemplo: “repare-se que nos EUA, os médicos que não se vacinarem podem ser despedidos. É importante colocarmos a ênfase nos potenciais transmissores do vírus, já que tal possibilitará reduzir a cada ano o número de casos”.

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