Gerais

Futuro da especialidade é risonho graças ao potencial das novas gerações

II Jornadas do Internato de MGF da ARSLVT

As II Jornadas do Internato de Medicina Geral e Familiar (MGF) da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) reuniram cerca de 500 participantes no Campus da Academia Militar na Amadora. Um evento a todos os níveis notável, não só pelo elevado número de internos e orientadores concentrados na mesma iniciativa, mas também pela riqueza das sessões plenárias e ações de formação em sala.

No encerramento das jornadas, o representante da comissão organizadora João Dias Ferreira sublinhou a grande qualidade dos trabalhos apresentados, enquanto Catarina Perry da Câmara (coordenadora nacional do Conselho Nacional do Médico Interno), que representou na ocasião o bastonário da Ordem dos Médicos, afirmou que “a MGF evoluiu muito nos últimos anos e que com a participação dos internos continuará a evoluir. O futuro da MGF depende de todos e de encontros como este”.

Já Rui Nogueira, presidente da APMGF, ressalvou que no presente uma das grandes armas dos médicos especialistas em MGF é a comunicação e que iniciativas como estas jornadas são capitais para desenvolver competências em tal domínio: “uma das três grandes áreas de intervenção do médico de família é a comunicação (em conjunto com o conhecimento científico/clínico e a gestão da prática clínica). Ninguém pode ser um bom médico de família se não souber comunicar e o médico de família é um médico que comunica por excelência, que ouve os seus doentes e intervém na comunidade. E as jornadas de internato são também um espaço privilegiado e obrigatório para treinarmos a comunicação, a começar pela comunicação interpares e partilha de experiências”.

O dirigente associativo quis, em complemento, deixar uma nota sobre a renovação geracional da MGF a que assistimos hoje em dia: “se fizéssemos uma fotografia dos 5 mil médicos que atualmente trabalham nos centros de saúde e repetíssemos essa fotografia, daqui a cinco anos, encontraríamos grandes diferenças. Nestes próximos cinco anos, um terço do efetivo dos médicos de família irá aposentar-se e neste momento temos 2 mil internos na nossa especialidade. Trata-se de um potencial incrível para concretizar a renovação geracional. Pessoalmente, tenho grande esperança que esta renovação seja uma mais-valia, que resulte numa enorme evolução para os nossos serviços e para a prestação de cuidados de saúde, numa oportunidade para o desenvolvimento dos CSP em Portugal”.

Na perspetiva de Isabel Santos, presidente do Colégio de MGF da Ordem dos Médicos, estas jornadas “foram muito bem organizadas, para mais sem conflitos de interesse. Era importante que se conseguisse manter esse espírito no futuro da iniciativa”. Isabel Santos deixou no entanto um alerta aos mais jovens: “a MGF é a especialidade que mantém junto o que parece disjunto. É relevante que tivéssemos conseguido isso ao longo de quase 40 anos de existência e gostaria muito que a MGF não se fragmentasse, porque a sua fragmentação é a perda da nossa identidade. Existem sinais que apontam para a possibilidade dessa fragmentação, pelo que apelo aos futuros médicos de família que se mantenham vigilantes”.

Daniel Pinto, coordenador do Internato de MGF na ARSLVT, classificou estas jornadas como “excelentes, com uma organização a toda a prova. Muitas pessoas comentaram comigo nos intervalos como tinham sido bons os workshops, ou proveitosas as discussões da mesa em que haviam participado. De facto, a comissão organizadora destas jornadas colocou a fasquia muito alta”. O responsável pelo internato de MGF em LVT mostrou-se também esperançoso relativamente ao que aí vem, ao garantir que “o futuro está claramente assegurado pelos nossos internos”. Pediu, também, que estes colegas, após se tornarem especialistas, não virem as costas à formação: “daqui a dois, três ou quatro anos, muitos de vós terminarão o internato e começarão a pensar em ser orientadores. É importante perceberem que o término do internato de MGF não representa o fim da vossa relação com o internato. A coordenação e a população desta região precisa de vocês, no papel de orientadores de formação”.

Daniel Pinto recordou, em paralelo, que em breve deverá ser aprovado um novo programa de formação para o internato de MGF, o qual “deverá resolver muitas das inquietações e dificuldades expressas nestas jornadas, a propósito de matérias como a avaliação ou os relatórios de estágios, por exemplo”. Logo na abertura das Jornadas, o presidente do conselho diretivo da ARSLVT, Luís Pisco, afirmara que a sua ambição era a de “ter o melhor internato de MGF do país”, recordando porém que é essencial para os jovens internos e recém-especialistas saberem como adaptar os valores nucleares da MGF às novas exigências e realidades.

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