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Carreira médica tem de ser revitalizada e apropriada pelos mais jovens

Na abertura do 23º CN e 18º ENIJMF

No arranque do 23º Congresso Nacional de MGF e 18º ENIJMF, o presidente da APMGF Rui Nogueira assegurou que é da máxima importância repensar a carreira médica, dar-lhe um sentido atual, para garantir que se mantém uma hierarquia técnica e uma autonomia real da profissão médica. Mas é, sobretudo, urgente que os mais jovens assumam esta bandeira, refere o dirigente da APMGF: “vai ser necessário que os colegas mais novos ganhem interesse na carreira médica, que em muitos casos hoje não percebem. Falta-nos descobrir uma «enzima» que consigamos transmitir aos colegas mais novos, para que saibam e entendam o que é a carreira médica, o que dela pretendem, porque é para eles que a carreira médica terá de existir no futuro”.

No início oficial dos trabalhos a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, partilhou com a audiência algumas das suas apreensões, numa conjuntura histórica única, em que se comemoram os 40 anos do Serviço Nacional de Saúde (SNS): “conhecemos hoje um mar muito atribulado, que exige coragem da nossa parte para o navegar”. Graça Freitas listou também os enormes obstáculos que estão pela frente e que terão de ser enfrentados pelos profissionais de saúde e pelos médicos de família, em particular, como as alterações climáticas e seu impacto na saúde, a degradação ambiental, o envelhecimento populacional, as migrações e suas implicações epidemiológicas ou as desigualdades e assimetrias sociais motivadas por um mundo cada vez mais digital: “temos de fazer parte da resposta a estes desafios, enquanto agentes de transformação positiva”.

Livro sobre cessação tágica passa a ser manual imprescindível no consultório

Lançado em Évora, o livro «Cessação Tabágica. Nova edição atualizada e mais completa» é agora uma peça incontornável em todos os consultórios de MGF do país, constituindo-se como uma ferramenta prática para ajudar os utentes a deixarem de fumar, independentemente da experiência nesta área do profissional de saúde que a ela recorre. Se até agora muito terreno foi desbravado no país no combate aos malefícios do tabaco, subsistem porém tarefas por completar, como explica o coordenador do livro Luís Rebelo: “o que era Portugal há vinte ou trinta anos na prevenção e controlo do tabagismo e o que é hoje. Não tem nada a ver! Mas não podemos ficar contentes com a situação atual, porque ainda estamos longe de termos o assunto controlado”.

Para mais, quando novas formas de tabagismo, suportadas em produtos ditos «limpos e inovadores» surgem no mercado, como explica o autor: “todos temos de estar atentos a estas novidades da indústria tabaqueira, que não são nada boas e devemos preparar-nos para lhes dar resposta”. Luís Rebelo acredita que a obra agora relançada e que coordenou terá um lugar especial na biblioteca de todos os colegas: ”espero que possa ser útil e que nos ajude a cumprir o nosso desiderato de diminuir o sofrimento das pessoas e evitar mortes”.

Burnout pode ser mitigado com medidas simples e de baixo custo

Era muito aguardada neste Congresso Nacional a sessão dedicada ao burnout e violência em MGF e não desiludiu. Entre relatos de experiências pessoais menos felizes, a análise do estudo desenvolvido pela Ordem dos Médicos sobre o burnout na classe e explicitação da base de projetos destinados a ajudar colegas em dificuldades, ficaram também algumas dicas. De acordo com Pedro Afonso, psiquiatra e autor do estudo «Empatia e Burnout em MGF», é possível atuar quer num patamar pessoal, quer institucional, para diminuir o impacto do burnout no local de trabalho: “a nível pessoal, podemos recorrer à participação em Grupos Balint. Já ao nível institucional, existem medidas simples e que nem sequer custam muito dinheiro às autoridades que podem ser adotadas. Coisas que podemos reclamar e que deveriam ser naturais, como silêncio nas unidades ou luz natural nos gabinetes. O mesmo é válido para a proposta de maior flexibilidade de horários, a possibilidade de trabalhar em tempo parcial ou de pedir licenças sem vencimento, alternativas que não têm implicações financeiras para a tutela”.

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