Gerais

Obra fundamental para entender ligação única e especial

«A relação médico-doente: Um contributo da Ordem dos Médicos»

O bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, classificou o livro «A relação médico-doente: Um contributo da Ordem dos Médicos», lançado pela OM e pela editora By the Book no Auditório do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, como “um trabalho que vai ficar para a história e poderá ter repercussão internacional, até porque este tema da relação médico-doente – que é complexo e intemporal – nunca foi tão profundamente abordado nos livros que conheço e que tratam em específico desta relação”.

A obra surge num momento em que a OM portuguesa e a sua congénere espanhola se batem para que a relação médico-doente seja considerada pela UNESCO como património imaterial da Humanidade. “Este passo que a UNESCO poderá vir a dar é importante para valorizar as relações humanas, para chamar a atenção relativamente a uma evolução tecnológica que está a acontecer e que é importante para nós, mas que deve ser harmonizada com as questões relacionais. Porque se deixamos que a tecnologia comece a ocupar o nosso espaço, teremos problemas sérios no futuro”, assegurou Miguel Guimarães.

Convidado a apresentar esta coletânea de textos, o sociólogo António Barreto defendeu que se trata de “um livro fascinante”, que veio para ficar e que integra “uma tal soma de perspetivas, pontos de vista e experiências, que é difícil não encontrar nele matéria útil para a reflexão e o ensino”. Sublinhou, ainda, que “existe uma unanimidade estranha que reconhece como essencial a relação médico-doente no processo de administração de saúde e tratamento da doença. Isto apesar das leis e regras dos serviços públicos, do condicionamento financeiro do Estado, do empregadores, das seguradoras e de todos quantos pagam pela nossa saúde, da proliferação de equipamentos e instrumentos de análise, medida e exame, dos computadores que contêm toda a informação do mundo, das enormes quantidades de estatísticas que quase tornam inúteis as avaliações, dos advogados que espreitam à procura do erro e da negligência, dos produtores de fármacos que sugerem saber tudo o que há para saber, dos doentes que se comportam como se fossem mestres em Medicina e conhecedores das suas doenças como uma qualquer enciclopédia. Apesar de tudo isto, há uma convergência para a relação entre médico e doente, como o terreno em que tudo se passa. De facto, a força desta unanimidade é formidável”.

A obra agora lançada tem o contributo de 81 autores (muitos deles oriundos da Medicina, mas também da Sociologia e de outras áreas do saber), foi coordenada pelo médico José Poças e está focada sobre aquilo que deve ser a Medicina personalizada e centrada na pessoa. A apresentação realizada na capital foi a primeira de várias previstas para o país.

Leia Também

SPN e APMGF criam infografia para o Dia Mundial do Rim que coloca ênfase no diagnóstico precoce da doença renal

34ªs Jornadas de Évora reforçam dinamismo da formação em MGF no Alentejo apesar de tempos desafiantes

Marta Fonseca conclui doutoramento com trabalho sobre as vantagens de mapas conceptuais na educação médica

Recentes