A Novartis vai realizar no âmbito do 37º Encontro Nacional, logo no dia 21 de setembro (pelas 18h30), o simpósio «O papel da MGF na gestão do doente com Insuficiência Cardíaca», moderado pelo presidente da APMGF Rui Nogueira e com intervenções de Nuno Jacinto (médico de família na USF Salus e membro da Direção Nacional da APMGF) e Óscar de Barros (médico de família na UCSP Azambuja).
É sabido que as pessoas afetadas por insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (IC-FER) permanecem em risco elevado de progressão da doença e morte, daí ser de extrema importância tratar e diagnosticar cada vez mais cedo, de forma a reduzir o número de hospitalizações e a progressão da doença, com os cuidados de saúde primários (CSP) a desempenharem um papel fundamental em tal abordagem precoce. Este simpósio assumirá a forma de conversa dinâmica entre especialistas de MGF com um interesse particular na melhoria da gestão destes doentes, sendo expectável que se abordem as questões mais importantes ao longo do percurso do doente e que se partilhem experiências relacionadas com o tratamento desta patologia.
“Através de uma conversa informal, interativa e descontraída, pretendemos reforçar a centralidade do papel do Médico de Família (MF) na abordagem e gestão dos doentes com IC. Tendo como fio condutor a prática clínica diária da MGF, iremos abordar de uma forma simples e concisa os pontos que consideramos fundamentais para o adequado acompanhamento desta patologia, começando pela identificação dos doentes e passando por aspetos como os desafios do diagnóstico, o tratamento farmacológico ou o combate à inércia terapêutica, sempre à luz da evidência científica mais recente”, explica Nuno Jacinto. De acordo com o MF da USF Salus, haverá “ainda espaço para debater a forma como podemos fazer o seguimento dos doentes com IC nestes tempos de pandemia que estamos a atravessar”.
Esta é, aliás, uma das questões que mais interesse desperta junto de Óscar de Barros, as correlações entre a gestão da IC nos CSP e as condicionantes provocadas pelo combate à pandemia e pela COVID-19 em si mesma: “durante os últimos meses, a prevenção, deteção e início terapêutico da IC foram atrasados em muitas circunstâncias. Mas eu consegui, em determinados casos, iniciar terapêuticas, fazer titulação de terapêuticas e prevenção, com recurso ao telefone e outros meios à distância. É certo que tivemos – e ainda temos – muitas variáveis que nos limitam, mas é mesmo possível fazer tudo isto no atual cenário. Por outro lado, pessoalmente estou muito curioso para saber qual será o impacto desta infeção ao nível do cardiomiócito e da função cardíaca, sabendo-se que o vírus tem uma ação multiorgânica. Ou seja, será que vamos ter pessoas com IC a surgirem-nos na consulta por terem tido uma infeção por COVID-19? Apenas se fala dos casos mais graves de patologia respiratória, mas na realidade acabamos por nos esquecer de doenças crónicas que podem, eventualmente, ser despoletadas devido à COVID-19”.
Para Óscar de Barros, torna-se evidente que a sessão será um excelente arranque para o evento: “vamos poder abrir o Encontro Nacional com um tema que começa a ser relembrado no âmbito dos CSP. As pessoas tinham a noção de que esta seria uma «bola» a ser jogada pela Cardiologia e pela Medicina Interna, mas esquecem-se do papel importante que a MGF tem neste «jogo», na prevenção, deteção precoce, tratamento e acompanhamento da IC. Não podemos apenas passar a «bola» para as outras especialidades. Com certeza que a IC tem de ser avaliada e acompanhada pela MGF”.
O médico de família da UCSP Azambuja não tem dúvidas de que “a IC está sub-diagnosticada” em Portugal (passa, infelizmente, despercebida em muitos consultórios) e crê que esta será uma ótima oportunidade “de os colegas perceberem que práticas adotamos, no dia-a-dia, para estarmos mais atentos a este problema e prevenirmos as agudizações da IC ou os eventos que esta possa desencadear”.