APMGF compreende aumento da velocidade de vacinação, mas não a qualquer preço

Em declarações ao Porto Canal, o presidente da APMGF confirmou que os centros de saúde (CS) “não têm meios para dar resposta a todas as tarefas em simultâneo que têm em mãos. Percebemos que é importante acelerar a vacinação nesta altura, mas a questão é a de saber quais são os recursos humanos que iremos utilizar para concretizar esse aumento da velocidade na vacinação e se continuarmos a insistir na receita de utilizar os profissionais dos centros de saúde, de os retirar das suas unidades para os colocar nos centros de vacinação, com vista a acompanhar este processo, vamos agravar ainda mais a situação difícil que vivemos nos CSP, onde não existe já capacidade de resposta para dar aos doentes não-Covid”.

Nuno Jacinto explicou naquele estação televisiva que caso a estratégia do Ministério da Saúde não mude, será muito complicado no inverno que se aproxima conseguir responder às solicitações não-Covid da população nos CSP e que os indícios, por agora, não são os melhores: “sabemos que um pouco por todo o país os profissionais dos CS estão a receber instruções para fazerem escalas e se organizarem de forma a trabalharem nos sábados, domingos e feriados, pelo menos até ao Natal, de modo a garantirem a vacinação. Assim, continuamos a ouvir que vão chegar novos recursos humanos mas, na realidade, somos sempre nós a ser mobilizados, a deixar as nossas unidades e doentes para trás para assumir tal tarefa”.

É conhecida a promessa, por parte da tutela, de uma norma que conduza à contratação de pessoal dedicado especificamente a esta campanha de vacinação, mas a verdade é que são os profissionais dos CS que permanecem na linha de frente. “Começa a tornar-se insustentável” o contexto, declarou Nuno Jacinto, para mais quando o ritmo de vacinação que se espera para as próximas semanas, com as doses de reforço, se adivinha como “muito similar ao que tivemos durante a primeira e segunda fases da vacinação Covid”. Por fim, o dirigente associativo alertou para o facto de em muitas regiões os CS se encontrarem à beira da rutura, face ao impacto das atividades Covid, contribuindo para o aumento da pressão sobre as urgências hospitalares, já de si esgotadas: “os CS não podem parar e não vamos resolver um problema criando outro. Compreendemos que a vacinação é crítica, mas não nos podemos esquecer de todos os outros doentes e do restante trabalho que os MF devem fazer. Há muito que alertamos para este problema e para a impossibilidade de sacrificar todo um nível de prestação de cuidados em prol de uma atividade que, embora prioritária, pode ser realizada com recurso a outros profissionais, desde que haja vontade para tal”.

 

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