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“A investigação não pode ser considerada supérflua”

30 anos da APMGF – Conferência Prof. Isabel dos Santos

A investigação “não é uma questão supérflua” nem “uma causa perdida”, defendeu a Prof. Doutora Isabel Pereira dos Santos, na última conferência do ciclo comemorativo dos 30 anos da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF). “Não é uma questão supérflua porque temos uma ecologia única e porque a maioria das nossas ações carece de evidência, sejam as relacionadas com a prestação direta de cuidados de saúde ou com a organização/planeamento de serviços”, explicou. E também não é uma causa perdida porque “apesar das dificuldades, há factos históricos demonstrativos de que o nosso terreno é fértil em oportunidades para fazer investigação com grande impacto na saúde”.

Existem diversas agendas possíveis de investigação. “Precisamos apenas de escolher e manter um caminho que se adapte aos nossos constrangimentos”, afirmou a diretora do Departamento de Medicina Geral e Familiar da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.

Os centros de saúde são “locais de produção de cuidados de saúde”. Não existe, assim, “tempo protegido para a investigação, apesar de serem o «setting» adequado para neles se fazer investigação translacional/aplicada”.

Como resolver este dilema? Na perspetiva da Prof. Doutora Isabel Pereira dos Santos, é necessário “fazer acontecer unidades e redes de unidades com tempo protegido para investigação e criar condições para que os profissionais que fazem investigação se revejam nas carreiras médicas”, à semelhança do que acontece em todos os países onde a MGF tem uma forte visibilidade na investigação, como o Reino Unido, o Canadá e os países nórdicos.

Há também que investir em infraestruturas de investigação e obter financiamento, sublinha a especialista que, nesse âmbito defende a necessidade de explicar às fontes governamentais que, “se querem dar um forte sinal da importância da Medicina Geral e Familiar e dos cuidados de saúde primários – e colocá-los na sua agenda – é preciso que disponibilizem recursos para o financiamento das infraestruturas, de projetos de investigação e que desviem a atividade dos poucos seniores existentes para esse caminho”.

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