Comunidades formativas podem melhorar a dinâmica do internato na Região Centro

Na Região Centro foram 82 os internos admitidos em 2020. Rui Nogueira, coordenador do internato de MGF na ARS do Centro, acredita que ainda é possível aumentar este total: “julgo que poderemos aumentar progressivamente até cerca de 100 novos internos por ano. Estamos, na Coordenação, a evoluir para uma estrutura algo diferente, precisamente para aumentar também a capacidade formativa. Isto passará, sobretudo, por estimular a disseminação do conceito de comunidade formativa. Estas comunidades representam, de certo modo, o potenciar de sinergias entre unidades formadoras, que em muitos casos na nossa região são pequenas, com quatro ou cinco internos. Também se dá o caso de, em determinadas circunstâncias, termos várias unidades formadoras no mesmo centro de saúde, mas desligadas entre si. O que queremos com as comunidades formativas é desenvolver estas redes, organizando reuniões científicas semanais (umas 30 por ano), no sentido de agregar unidades que estão próximas, revitalizando assim indiretamente o próprio centro de saúde”.

No presente, cerca de metade das unidades funcionais dos CSP do centro do país são unidades formadoras em MGF e a intenção dos responsáveis regionais é a de explorar novas possibilidades, novos polos de formação, sem perder alguns locais de formação que hoje se revelam mais problemáticos, face à saída para reforma de médicos de família que eram orientadores.

O vice-presidente do Conselho Diretivo da ARS do Centro, João Rodrigues, explicou durante a cerimónia de receção aos novos internos que aquela estrutura está empenhada em melhorar o internato de MGF, sobretudo através da convocação de todo o conhecimento e competência da equipa de saúde, no que respeita à formação: “ainda podemos melhorar muito o internato de MGF na Região Centro. Essa é a minha total convicção e, para atingir esse objetivo, iniciámos há dois meses reuniões com a Coordenação de Internato e a sua equipa, no sentido de preparar o novo ciclo, com um desafio que se resume ao desenvolvimento de verdadeiras unidades formativas. E as unidades formativas são as USF ou UCSP em que vocês foram colocados, não o vosso orientador de formação (…) Temos andado a alimentar, erradamente, o binómio orientador de formação/interno e esse é um paradigma que vamos ter de mudar. Quem se deve responsabilizar pela vossa formação é toda a unidade formativa e respetiva equipa de profissionais”. João Rodrigues admitiu, todavia, que tal conquista não chega para dar o salto qualitativo pretendido para o internato de MGF, defendendo assim a “criação das comunidades formativas, que representam a junção de unidades formativas de acordo com critérios que estamos no presente a debater. O que pretendemos, no final, é qualificar a unidade formativa isolada e a rede de unidades, como um todo, sem dispersão e dicotomias internas de orientadores”.

Já Carlos Cortes, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, quis deixar uma nota de agradecimento à equipa de orientadores que zela pela progressão adequada de todos estes jovens médicos no âmbito da MGF e na Região Centro: “reconheço o enorme esforço que vocês fazem no dia-a-dia. A formação médica não é fácil. É um dos processos mais complexos que temos na área da saúde e o vosso papel é de elevadíssima responsabilidade, porque é do vosso trabalho que nascem especialistas preparados para combater as dificuldades e as deficiências do Serviço Nacional de Saúde”.

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