Encontro de Outono da APMGF assume-se como espaço de reflexão, partilha e crescimento multidisciplinar

A 2ª edição do Encontro de Outono da APMGF arrancou em Fátima com mais de 500 inscritos e mais de duas centenas e meia de trabalhos submetidos, numa clara demonstração do energia e iniciativa por parte dos grupos de estudo da APMGF e dos internos e jovens médicos de família que, ano após ano, continuam a revigorar a Medicina Geral e Familiar (MGF).

Para o presidente da APMGF, Nuno Jacinto, para além de um momento de intensa partilha científica e contacto interpares, eventos como o Encontro de Outono servem outro propósito maior: “é importante que sejamos capazes coletivamente de parar, pensar e de ouvir. E devemos fazê-lo porque não vivemos isolados, porque servimos e trabalhamos numa comunidade, porque temos um papel importante nessa comunidade e na sociedade em que nos inserimos. Temos que ser capazes de assumir esse papel em cada dia, em cada consulta, em cada contacto, em cada atividade que façamos na qualidade de médicos de família (…) Temos que ser críticos, mas críticos de uma forma construtiva, propondo soluções e apontando o caminho. E é importante que participemos todos nesta dimensão coletiva, é importante que não nos acomodemos, é importante que continuemos a construir esta associação ou outras instituições que também nos representam ou outras instituições onde devemos estar representados. Portanto, devemos ter essa voz constante e praticar também cada um de nós ter essa voz e fazer ouvi-la”.

Nuno Jacinto alertou também para a fase crucial que vivemos em Portugal e no nosso sistema de saúde e para a importância de todos se envolverem nos processos reformistas, de forma consciente, sensata e comprometida: “vivemos na incerteza e na mudança constante. E essa incerteza acaba, por vezes, por se tornar um obstáculo que nos impede de fazer aquilo que nós sabemos fazer melhor. Por isso, também aqui devemos parar, pensar e ouvir. Mudar só por mudar não faz sentido. É certo que nós somos sempre resistentes à mudança, mas a mudança é resistir com um propósito. E não pode ser dirigida para hoje agradar a gregos e amanhã agradar a troianos”.

De acordo com Deolinda Chaves Beça, co-presidente do II Encontro de Outono, “nenhuma outra associação médica em Portugal consegue reunir tanta diversidade como a APMGF reúne nestas salas. Somos 25 grupos de estudo, nascidos há mais de 25 anos, primeiro como pequenos núcleos que cresceram e evoluíram até chegarem aqui. E hoje estes 25 grupos de estudo, as comissões de internos de MGF e outras estruturas da APMGF trazem até este Encontro o interesse, a curiosidade e a energia de mais de 500 pessoas distintas”. Ainda na perspetiva de Deolinda Chaves Beça, a Associação acredita que “o conhecimento cresce quando é partilhado” e deixou uma mensagem a todos os presentes: “encontrem-se e conectem-se nas conversas informais, nos intervalos e nas pausas. Porque este encontro nasce exatamente disso, do vosso reencontro”.

Manuel José Santos de Carvalho, presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde de Leiria, elogiou a capacidade da organização em criar um evento que faz jus à “visão holística da Medicina defendida pela MGF. É importante fazer um encontro que reúne realmente os 25 grupos temáticos da Associação, isto numa era em que realmente estamos muito diferenciados, e em que a nível hospitalar não há mais essa tendência de congregar conhecimentos. De facto, vamos tendo grupos e subgrupos e depois não nos reunimos uns com os outros e esquecemos que o nosso foco é o utente”.

Já Ana Correia de Oliveira, médica de família e vogal na Direção Executiva do SNS, sublinhou que este Encontro de Outono “reforça a MGF, uma especialidade que muito mais que cuidar, lidera e transforma o Serviço Nacional de Saúde”.

A dirigente da Direção Executiva do SNS sustentou que a “MGF não é apenas a porta de entrada do Serviço Nacional de Saúde – porque o é – é o coração pulsante da liderança clínica onde se definem boas práticas, se constrói confiança nas comunidades e se garante a qualidade dos cuidados prestados. E a força dos cuidados de saúde primários só existe se os médicos de família forem protagonistas da mudança, com coragem, visão e compromisso”.

 

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