Gerais

Inicia-se um novo percurso profissional para centenas de jovens médicos

Ingresso dos novos internos de MGF em 2017:

Realizaram-se no arranque deste ano as receções aos novos internos que ingressam no internato de Medicina Geral e Familiar (MGF) em 2017, tendo as cerimónias oficiais ocorrido no dia 3 de janeiro, nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), Centro e Algarve, no dia 4 no Alentejo e no dia 5 no Porto.

Em LVT, foram recebidos 146 novos internos de MGF, numa cerimónia realizada no auditório da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa. Na ocasião, a presidente do Conselho Diretivo da ARSLVT, Rosa de Matos, adiantou que “todos queremos um melhor SNS e uma melhor MGF”, sendo que para esses objetivos será fundamental a dedicação e o empenho destes jovens médicos. Relembrando que hoje em dia a população espera quase milagres da arte médica, a responsável máxima da ARSLVT deixou um pedido aos novos internos: “neste processo de se transformarem numa nova espécie de semi-deuses, espero que não percam a vossa humanidade e a vossa capacidade de aprender e delegar”. Já o vice-presidente da ARSLVT, Luís Pisco, sublinhou as enormes responsabilidades com que se irão defrontar estes clínicos, uma vez que 70% da população portuguesa recorre pelo menos uma vez por ano ao seu centro de saúde. Luís Pisco acredita também que a larga maioria destes jovens poderão já iniciar a sua atividade clínica autónoma em unidades de saúde alinhadas com a reforma dos CSP: “esperemos que todos vós possam já trabalhar em unidades de saúde familiar, unidades que são personalizadas, com equipas que se auto-escolheram”.


    


De referir que a Coordenação do Internato de MGF na ARSLVT pretende introduzir neste ano de 2017 algumas alterações importantes, em particular a aposta na dinamização de pequenos grupos locais de internos, supervisionados por um ou dois orientadores, no seio dos quais seja possível a realização de ações de formação e a discussão de problemas e casos concretos. A Coordenação pretende também que a pouco e pouco se venha a transformar sobretudo numa entidade produtora de conteúdos e orientadora de processos de aprendizagem, com recursos a reforçados instrumentos on-line. Também será expectável que se venham a criar, nos últimos anos do internato, mais períodos e espaços de autonomização do interno, de forma a facilitar a sua transição de interno para especialista em MGF.

Segundo Daniel Pinto, o novo coordenador do Internato de MGF na ARSLVT, “o trabalho de gestão, organização e logística – que possibilita agilizar a avaliação, submissão de relatórios, colocação de internos em locais de estágio, etc. – que foi feito nos últimos anos produziu bons resultados e permite-nos funcionar, a esse nível, a velocidade de cruzeiro. Depois deste «arrumar de casa», que era absolutamente necessário uma vez que passamos na Região de cursos com 40 internos para cursos com mais de 100 internos, no espaço de poucos anos, penso que seria importante focar-nos agora na qualidade da formação”. Para melhor formar os futuros MF, Daniel Pinto crê que será bastante útil a introdução de uma nova dinâmica de grupos locais de internos, a qual será desenvolvida nos próximos anos: “queremos dar passos no sentido de criar grupos locais de formação. Neste momento, a Coordenação está organizada com cursos curriculares, que fazem parte do programa de internato e que obedecem a uma lógica muito centralizada, obrigando os internos a deslocarem-se dos vários ACeS até Lisboa, para formação em sala, durante uma ou duas semanas, sobretudo concentrada nos primeiros dois anos do internato. Esse conhecimento surge pois no início do internato, numa fase em que não é útil e acaba por perder-se em certa medida. Estes grupos locais permitirão aos internos trabalhar melhor as suas necessidades formativas e criar planos de formação mais ajustados às necessidades de cada um, resolvendo dúvidas, clarificando casos clínicos concretos e sempre com supervisão. Na verdade, o que desejaríamos era que a médio prazo os cursos centralizados acabassem, sendo tendencialmente substituídos por cursos locais, com a Coordenação a produzir conteúdos disponibilizados sobretudo através de plataformas on-line de ensino à distância. Assim, os internos fariam a parte teórica do curso através das ferramentas on-line e depois passariam a discussão para estes grupos locais de formação”.

No Alentejo, foram integrados nos ACeS da região 13 novos internos de MGF. Destes, oito ficaram no ACeS Alentejo Central, quatro no ACeS S. Mamede (Portalegre) e um no ACeS Baixo Alentejo.

“Espera-se que este grupo de internos, ao iniciar o seu percurso formativo, continue com os outros internos a contribuir para a afirmação da Medicina Geral e Familiar na Região do Alentejo. A formação no Alentejo tem todas as potencialidades para permitir um Internato de MGF com boas condições: o ambiente físico, a população, os recursos humanos”, garante Arquimínio Eliseu, coordenador do Internato de MGF na Região do Alentejo.

Norte: formação de qualidade ao longo de toda a região está garantida

Este ano são 158 os novos internos de MGF a ingressarem no Norte, fazendo desta a região que recebe o maior número de novos ingressos no país. Isto apesar do número ter descido relativamente a anos recentes, quando chegou a ultrapassar as 200 vagas, situação que resulta de um ajustamento às necessidades atuais e às reais capacidades formativas da região. Os profissionais foram acolhidos numa cerimónia realizada no auditório do Hospital Magalhães Lemos (Porto) e tiveram a possibilidade de não só conhecer mais pormenores sobre o que é esperado de si durante os próximos quatro anos, como estiveram em contacto com responsáveis de estruturas que serão importantes para o seu futuro, a médio e longo prazo. Assim, na sessão marcaram presença o presidente do Conselho Diretivo da ARS do Norte, Pimenta Marinho, o presidente do Colégio da Especialidade de MGF da Ordem dos Médicos, José Maria da Silva Henriques, o vice-presidente da APMGF, Nelson Rodrigues, o presidente da Associação de Internos de MGF da Zona Norte (AIMGF), Jonathan dos Santos, entre outras figuras.

No final e já imbuídos do espírito da missão e da profissão que os abraça, os novos internos realizaram o Juramento de Hipócrates, num gesto simbólico de compromisso.

A coordenadora do internato de MGF da zona norte, Maria da Luz Loureiro, pediu aos novos colegas, antes de mais, que independentemente dos seus sonhos e projetos pessoais, se foquem no essencial: “durante estes quatro anos vão realizar uma formação que é paga pelo país e que tem de ser boa, eficaz e focada naquilo que vos pedimos, que se tornem excelentes médicos de família. Tudo o resto que façam é para valorização pessoal e apesar de podermos apoiar tais esforços, eles nunca podem representar um atropelo à nossa formação”.


     


A responsável pelo internato de MGF no norte sublinha também que o programa de formação que entrou em vigor nos últimos anos veio reequilibrar de alguma forma a organização do internato, uma vez que preconiza mais tempo de permanência nas unidades de cuidados de saúde primários e menos tempo nos serviços hospitalares, algo que não só ajuda a contornar as dificuldades na colocação dos internos de MGF nas poucas vagas dos serviços hospitalares, como se ajusta ao pensamento atual sobre como deve ser desenvolvido este período formativo: “nós e o Colégio de MGF da OM acreditamos que a formação deve ser feita o mais possível nas USF. Da mesma forma que cremos, em conjunto com as chefias dos serviços hospitalares, que não é positivo termos pessoas a fazer número nos hospitais, 20 internos à volta de um doente. Pode-se dizer, de certo modo, que se forem menos, aprendem mais”.

Apesar de a região norte ser uma das maiores do ponto de vista territorial e abarcar internos que podem distar entre si mais de 300 km, a coesão formativa é um valor salvaguardado, no entender de Maria da Luz Loureiro: “a acessibilidade na região é hoje bem melhor do que era no passado. De facto, estou em contacto permanente com os diretores de internato das áreas mais remotas e percebo que hoje é tão fácil fazer o internato de MGF lá como no Porto. A Internet está à distância de um clique e as ações de de formação e avaliação têm vindo a ser descentralizadas. Não tenho quaisquer dúvidas de que é fácil atualmente fazer uma boa formação, em qualquer ponto da região norte. As oportunidades são iguais”.

José Maria da Silva Henriques assegura que o número de internos que ingressa em 2017 no internato de MGF da região norte (e das restantes regiões do país) é um reflexo direto não só das capacidades formativas detetadas mas também da avaliação feita às necessidades do país: “o Colégio, a OM e as Coordenações de Internato chegaram a estes números também com base num princípio fundamental, o de garantir o número de MF suficientes para Portugal. É óbvio que quando estas carências forem colmatas, deixam de ser necessárias no futuro tantas capacidades formativas. Nessa fase, os critérios que presidem à seleção das unidades de saúde para formação e dos orientadores vão tornar-se mais exigentes e apertados”.


   


Para os internos de MGF da região norte que agora ingressam nesta aventura, fica a certeza de que poderão ter um companheiro de viagem especial, que lhes dará apoio relevante. No caso, a Associação de Internos de MGF da Zona Norte (AIMGF), uma entidade jurídica autónoma criada em 1999, inicialmente para se encarregar da organização do Encontro de Internos de MGF da Zona Norte, mas que hoje tem uma ação mais alargada. Desde logo, com a publicação da sua revista anual, a AIMGF Magazine, onde os internos são convidados a publicar o seus artigos. A AIMGF também promove workshop, tertúlias, cursos e prémios, para além de ser, em momentos chave, um público defensor dos direitos dos internos de MGF, com capacidade reivindicativa junto da tutela e da sociedade. Jonathan dos Santos, presidente da AIMGF, explica a atividade da associação: “ao longo dos anos fomos tentando perceber quais as lacunas que existiam ao nível da formação de MGF. Surgiu um primeiro curso, depois outro no ano seguinte e no presente são diversas as áreas em que trabalhamos. Até ao momento estamos a falar de formações na área da dor, electrocardiografia, exame músculo-esquelético em MGF, fibrilação auricular. Recentemente também organizamos um encontro algo diferente, designado como «Para além da clínica», que abordou questões médico-legais ou curriculares”. O dirigente deseja, é claro, que muitos dos novos internos entrem na AIMGF como associados, não só porque “o espírito associativo deve estar sempre presente em tudo o que fazemos”, mas também porque estar envolvido permite ao interno aprender a gerir formações e equipas, a falar com interlocutores, “algo que terá repercussão positiva do ponto de vista humano e profissional, que ajudará as pessoas a serem melhores MF no futuro”.

Já o vice-presidente da APMGF, Nelson Rodrigues, teve a oportunidade de mostrar no Porto aos novos internos da região nortenha as vantagens de pertencerem à Associação que congrega a nível nacional todos os internos e especialistas de MGF. Em destaque na sua comunicação estiveram não apenas as mais valias de formações em sala, como as realizadas nas Escolas da APMGF e nas sessões multi-temáticas do Programa LiveMed AAP, mas também as participações enriquecedoras do ponto de vista curricular nos Encontros Nacionais, Congressos Nacionais e Jornadas Regionais organizadas anualmente pela APMGF. “Podem também beneficiar da realização de estágios internacionais realizados pelo Movimento Vasco da Gama, ao qual a APMGF está ligada no âmbito da WONCA Europa”, ressalvou Nelson Rodrigues. O dirigente da APMGF frisou ainda novos projetos como o programa de Diploma de Mérito e Atualização e a importância de os internos publicarem os seus trabalhos naquela que a principal publicação de referência nacional da especialidade, a Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.

Região Centro: aumento de 30% nos novos ingressos em relação a 2016

Os novos internos de MGF na Região Centro foram oficialmente recebidos na especialidade através de uma jornada de trabalho realizada no Auditório da Escola de Enfermagem de Coimbra. Ao longo de todo o dia puderam familiarizar-se com questões de fundo, como o plano de cursos curriculares, a construção do plano individual de formação, a organização do internato de MGF na Região Centro ou o manual do interno. Para além de travarem conhecimento com os colegas do seu núcleo de formação, com o orientadores e diretores de internato, aos jovens médicos foram também apresentadas organizações, grupos e comissões que terão uma importância vital na sua formação e desenvolvimento nos próximos anos, como sejam a comissão de internos de MGF da Região Centro ou o Centro de Estudos de MGF. A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), através de dois membros da sua direção nacional, Miguel Pereira e Tiago Maricoto, fez-se igualmente representar, dando a conhecer as muitas vantagens dos jovens MF se tornarem sócios e colaboradores ativos da APMGF. Destaque, sobretudo, neste domínio para um acesso a eventos e ações de formação (congressos, encontros nacionais, escolas, etc.) com condições preferenciais, a utilização do Centro de Informação e Documentação da APMGF (o mais completo da especialidade a nível nacional), a participação em grupos de estudos focados em áreas clínicas específicas ou a possibilidade de concorrerem a intercâmbios e estágios internacionais, nomeadamente por intermédio do Movimento Vasco da Gama, estrutura que reúne os internos da especialidade e jovens MF da Europa e com a qual a APMGF mantém fortes ligações.


    


Este ano, foram admitidos na Região Centro 106 novos internos de MGF, um acréscimo de 30% face ao ano transato. Segundo Rui Nogueira, este acréscimo representa uma maior exigência e um maior esforço para todos quantos estão envolvidos no internato de MGF, mas é plenamente justificável: “passarmos para 106 novos ingressos é um risco, uma aventura, mas um caminho que tinha de ser feito. Em 2020, 2021, teremos um número considerável de colegas a aposentarem-se. Por isso, o investimento que agora estamos a fazer na formação de médicos de família mais novos permitirá que tenhamos médicos disponíveis em 2021”.

Ao dirigir-se aos jovens médicos que agora dão os primeiros passos na melhor e mais abrangente especialidade médica de todas, Rui Nogueira não escondeu que “os internos que ingressam em 2017 têm um árduo trabalho pela frente, até porque o internato e a profissão médica são muito difíceis”. Todavia, frisou que a Coordenação do Internato de MGF da Região Centro e todos os seus intervenientes estarão sempre presentes “para esclarecer dúvidas e ultrapassar os desafios”.

Carlos Cortes, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (OM) apelou nesta cerimónia aos novos internos para que deem o seu máximo com vista a dignificar a especialidade: “sejam exigentes convosco próprios, ao serviço da MGF e dos doentes”. O dirigente da OM assegurou ainda que a MGF é uma especialidade fundamental para o sistema de saúde e que a mesma “precisa de ser acarinhada e valorizada pela tutela, algo que não tem acontecido nos últimos anos”.


     

Já o presidente do Conselho Diretivo da ARS do Centro, José Tereso, aconselhou os novos internos a “serem persistentes e a avançarem com as suas dúvidas ao longo do tempo, sendo certo que os responsáveis da Coordenação do Internato e da ARSC terão sempre disponibilidade para vos ajudarem a ultrapassar as dificuldades”. Por fim, José Tereso recordou aos futuros MF que nunca devem perder de vista o carácter de proximidade da MGF, porque mais do que um cliché é algo que necessita de ser transposto para todas as consultas ou contactos com o doente: “por vezes basta uma palavra de humanização, quando se procura passar a mensagem, para nos aproximarmos daquele que sofre”.

Região Algarvia acolhe mais 18 internos de MGF

No Algarve, 18 médicos internos de MGF iniciaram a sua formação nos três ACeS pertencentes à área de influência da Administração Regional de Saúde do Algarve (ARSA). Dos internos de MGF colocados nos três ACeS da Região do Algarve, 12 vão realizar a sua formação no ACeS Central, três no ACeS Barlavento e três no ACeS Sotavento.

Os médicos internos da especialidade de Medicina Geral e Familiar foram recebidos na sede da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR Algarve) em Faro, pelo presidente do Conselho Diretivo (CD) da ARS Algarve, Moura Reis, acompanhado pelo vogal do CD, Tiago Botelho, e pela responsável da Unidade de Recursos Humanos da ARS Algarve, Sílvia Cabrita, numa sessão onde tiveram oportunidade de ficar a conhecer algumas das principais áreas de intervenção nos cuidados de saúde primários.

No decorrer da sessão, onde estiveram presentes também o presidente da CCDR Algarve, Francisco Serra, o coordenador regional do Internato Médico de MGF, João Paulo Almeida, e a diretora do Departamento de Saúde Pública e Planeamento da ARS Algarve, Ana Cristina Guerreiro, o presidente da ARSA felicitou os novos médicos internos por terem escolhido o Algarve para esta fase da sua formação, mostrando a sua satisfação pelo “aumento contínuo do número de internos que nos últimos anos procura o Algarve para realizar o internato tanto nos cuidados de saúde primários como nos cuidados de saúde hospitalares”. A terminar, Moura Reis destacou que terão todo o apoio e o acompanhamento necessário da parte da ARSA durante o seu percurso formativo e na sua estadia na Região do Algarve, lançado o convite para que, no final da sua formação, optem por prosseguir o seu percurso profissional no Algarve.

 

 

Leia Também

Dia Mundial do MF em 2024 será festejado (e ilustrado) com as melhores fotografias e vídeos enviados pelos colegas

Comunicado APMGF

Comunicado – APMGF repudia reportagem da TVI que sugere falta de conhecimento dos médicos de família na área da Saúde Mental

Filomena Correia – “As artes plásticas parecem ter um valor reconhecido na Saúde”

Recentes