Recentemente, a coordenadora do Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias (GRESP) da APMGF e médica de família na USF Araceti, Cláudia Vicente, foi escolhida para presidente eleita do International Primary Care Respiratory Group (IPCRG), com mandato a iniciar-se em 2026 (biénio 2026-2028). Na breve entrevista que se segue, explica-nos o que representará para si este grande desafio e o que pretende alcançar nos próximos anos em prol da melhoria da prestação de cuidados respiratórios a nível transnacional.
Como encara a eleição para a presidência do IPCRG e a missão que terá pela frente, a partir de 2026?
A eleição para a presidência do IPCRG é, sem dúvida, um grande desafio e uma grande responsabilidade. Penso que será um momento de crescimento pessoal e no qual posso dar o meu contributo para melhorar a saúde respiratória do ponto de vista dos Cuidados de Saúde Primários. Há ainda muito trabalho a fazer quer nacional, quer internacionalmente.
Na sua perspetiva, quais serão os principais desafios que a organização terá de ultrapassar nos próximos anos?
O IPCRG tem revelado sempre um crescimento desde o seu surgimento em 2001. Apesar de relativamente recente chega já a 39 países com vários projetos, apoiando os diversos profissionais de saúde. Será importante nos próximos anos manter e reforçar a implementação nestes países e estender a tantos outros que vão fazendo as suas solicitações, de forma a que possam ter apoio, acesso a formação e recursos e, mediante a sua realidade local, consigam melhorar a gestão e a saúde dos doentes com problemas respiratórios.
O apoio, a implementação dos projetos, os materiais envolvem sempre um grande esforço e contribuição de todos os membros motivados bem como o financiamento inerente. Estas duas “parcelas” não podem faltar para o sucesso.
É o segundo representante da MGF portuguesa e do GRESP a assumir a presidência do IPCRG… Considera que há um legado histórico de Jaime Correia de Sousa a preservar?
O Professor Jaime Correia de Sousa é um marco e um exemplo incontornável e inspirador em qualquer uma das suas facetas – Médico de Família, Professor, Fundador e Coordenador do GRESP, Past-President do IPCRG. Ao longo dos anos tem sido maravilhoso conviver e aprender com ele. Portanto – e respondendo à sua pergunta – sim, há um legado em várias vertentes que espero já estar a preservar e dar continuidade na coordenação do GRESP e, no futuro, na presidência do IPCRG.
Para os seus colegas portugueses que ainda não estão familiarizados com a atividade e a abrangência do IPCRG, como caracterizaria as iniciativas desenvolvidas por esta entidade e o espaço que têm para participar de forma ativa?
O IPCRG – International Primary Care Respiratory Group tem um lema que considero fenomenal e que representa muito bem a sua forma de estar e atuar: “Think globally, Act locally”.
Trata-se de uma associação sem fins lucrativos, que tenta levar a todos os que assim desejarem formação, recursos e estabelecer pontes entre os vários profissionais de saúde – médicos, enfermeiros, farmacêuticos, técnicos… Desta forma tenta que, na prática, os doentes recebam os melhores cuidados possíveis, mediante a realidade em que estão inseridos. Promove o diálogo entre nações. Há vários projetos em curso de investigação, de formação, de educação…
O GRESP faz parte do IPCRG, como Grupo Português das Doenças Respiratórias. Por exemplo, os projetos CAPA: Cuidados Adequados à Pessoa com Asma e o COPD+ (um projeto similar da DPOC), são projetos do IPCRG implementados e em desenvolvimento em Portugal. Convido assim, todos os que se sentirem motivados que se juntem ao GRESP, juntando-se assim também ao IPCRG.
IPCRG:
https://www.ipcrg.org/
https://www.instagram.com/ipcrg_respiratory/
GRESP:
https://gresp.pt/
https://www.instagram.com/gresp_apmgf?igsh=dmVwbmg3ZmFpOWVn
CAPA:
http://capa-asthmarightcare.org/