Médicos de família portugueses apresentaram na 29ª Conferência Europeia da WONCA keynote lectures centradas na transformação digital da saúde

A 29ª Conferência Europeia da WONCA no Centro de Convenções de Dublin (República da Irlanda), entre 25 e 28 de setembro de 2024, ficou marcada pela partilha de dezenas de trabalhos de colegas portugueses, em múltiplos formatos, facto que contribuiu para consolidar o prestígio que a MGF portuguesa detém no panorama internacional.

Para além da apresentação de trabalhos científicos, destaque para dois colegas convidados para serem keynote speakers na capital irlandesa: Ana Luísa Neves (Senior Clinical Lecturer em Digital Health – Department of Primary Care and Public Health, Imperial College London) e Alexandre Gouveia (Responsável da Policlinique de Médecine Générale – Département des Policliniques, Unisanté – Centre Universitaire de Médecine Générale et Santé Publique, Lausana, Suíça).

Ana Luísa Neves partilhou a keynote lecture «Virtual Consultations: Opportunities and Challenges for Better, Safer, and More Equitable Primary Care» e garante ter sido um prazer aceitar o convite de voltar à conferência da WONCA Europa para dar uma palestra sobre os desafios e oportunidades das consultas virtuais nos Cuidados de Saúde Primários. Ao preparar a palestra, houve uma palavra que me voltou recorrentemente à mente: Proximidade. Os cuidados virtuais (por telefone, vídeo ou outros meios) foram inicialmente concebidos para aproximar a saúde daqueles com menos acesso, especialmente as pessoas em áreas geograficamente remotas. Hoje, com a integração generalizada dos cuidados virtuais nos sistemas de saúde em todo o mundo, a proximidade continua a ser essencial.

Para a investigadora do Imperial College London, “o desafio continua a ser o de preservar a proximidade com os nossos pacientes – garantindo que não sejam alienados pelos sistemas digitais que facilitam o seu cuidado – mas também a proximidade com os nossos valores profissionais fundamentais, para que a tecnologia cumpra o seu propósito de apoiar cuidados de saúde holísticos e equitativos”.

Por seu turno, Alexandre Gouveia ofereceu à audiência a oportunidade de ouvir a palestra «Artificial intelligence and clinical uncertainty: discovering new routes for primary care», na qual abordou as incertezas clínicas em torno da inteligência artificial (IA), bem como a sua evolução histórica e os cenários futuros prováveis para esta tecnologia no contexto da prestação de cuidados de saúde.

A IA já está a transformar a maneira como trabalhamos na área da saúde, com um impacto que será cada vez mais importante em áreas como o trabalho administrativo e o processo de diagnóstico”, sublinha Alexandre Gouveia, que considera ser fundamental transmitir no presente um alerta especial a todos os colegas que olham para esta novidade como algo de menor na esfera da Medicina e da MGF: “como médicos de família, devemos mobilizar-nos para adquirir um conjunto de novas competências que permitirão uma adoção ética e coerente da IA no dia-a-dia dos utentes e profissionais de saúde. Essa participação é essencial para evitar que a IA possa vir a ser utilizada de forma prejudicial à relação médico-doente e ao exercício da nossa profissão”.

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