O Departamento de Clínica Geral da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) foi criado há 40 anos, através da Portaria n.º 872/84 de 24 de novembro, assinada pelo então Secretário de Estado do Ensino Superior, Pinto Machado, que instituiu o referido departamento sob a direção de Alexandre Sousa Pinto. Com este marco histórico abriram-se as portas para a formação médica e consolidação da especialidade de Clínica Geral no nosso país, mais tarde rebatizada de Medicina Geral e Familiar (MGF).
A FMUP decidiu, na semana em que a portaria que esteve na génese de tudo completa quatro décadas, assinalar a efeméride através de um debate comemorativo no qual se abordou o legado da MGF e as perspetivas para o futuro desta especialidade médica. Uma conversa enriquecedora protagonizada por Luciana Couto (FMUP), António Luz Pereira (APMGF), Deolinda Beça (Colégio da Especialidade de MGF da Ordem dos Médicos – OM) e Altamiro da Costa Pereira, diretor da FMUP e moderada por Paulo Santos (docente do Departamento de Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde da FMUP , diretor do Mestrado em Cuidados de Saúde Primários – CSP – na FMUP e investigador do Center for Health Technology and Services Research – CINTESIS).
Segundo Paulo Santos, a fundação do Departamento de Clínica Geral da FMUP, inspirado no modelo da Universidade de Oslo, acabou por ser um reconhecimento por parte do governo da “relevância desta especialidade recentemente criada na assistência clínica, no ensino médico e na investigação. Com este departamento inovava-se na organização académica, rompendo com o sistema arcaico das cadeiras para uma estrutura muito mais dinâmica de áreas de conhecimento. Infelizmente, foi pouco aprofundado nas Faculdades que demoram muito tempo a interiorizar esta experiência na sua própria estrutura. Entretanto, a Clínica Geral deixou de se chamar Clínica Geral e o Departamento de Clínica Geral, que manteve o nome até 2012, evoluiu para Departamento de Ciência Sociais e de Saúde e mais recentemente para Departamento de Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde, numa perspetiva de exercício multidisciplinar da MGF com áreas interconectas da Informação, Ciência de Dados, Estatística Médica, Bioética e História da Medicina”.
Para o diretor do Mestrado em CSP na FMUP, foi importante dialogar sobre este trajeto de crescimento da MGF, na medida em que estamos perante “40 anos de história e histórias que fazem da atual MGF uma área científica sedimentada e em crescente evolução, líder dos CSP onde ramifica na prevenção, na saúde ao longo da vida, na geriatria, na centralidade ao cidadão e na governança clínica e administrativa”.
Ainda de acordo com Paulo Santos, as quatro décadas agora festejadas são claro exemplo de sucesso: “do nada fez-se muito. Lembramos Alexandre Sousa Pinto e Alberto Hespanhol. Lembramos as disciplinas à responsabilidade do Departamento, no pré-graduado, no mestrado de CSP e no programa doutoral que será lançado em breve. Lembramos a dificuldade das primeiras publicações e que metade dos artigos produzidos nesta MGF em 2023-24 foram publicados em revistas de alto impacto”.