Após dois dias e meio de frutuosa partilha de experiências e saberes e de muitos momentos de networking, a primeira edição do Encontro de Outono da APMGF – que conseguiu congregar em Fátima 540 inscritos e acolheu mais de 100 posters e 40 comunicações orais – deixou a clara sensação em todos quantos nela tomaram parte que este é um modelo formativo a repetir. Isto porque, em Fátima, a iniciativa demonstrou ser a combinatória ideal entre a energia e entusiasmo das comissões de internos de MGF e a capacidade de construir ciência e inovar dos grupos de estudos da APMGF. “Ninguém pode negar o sucesso deste evento, que na nossa perspetiva merece ter continuidade em anos vindouros”, expressou Nuno Jacinto, presidente da APMGF.
Para Jonathan dos Santos, co-presidente do Encontro de Outono da APMGF, “este evento superou todas expetativas. Foi um encontro feito por pessoas da MGF para pessoas da MGF. É sabido que temos, de facto, uma MGF de grande qualidade no nosso país e que muitos colegas têm uma maior dedicação a áreas específicas de intervenção. Ora eles trouxeram para a Fátima esse mesmo conhecimento e ofereceram-no a todos nós. Acredito que tal tenha sido muito proveitoso para todos quantos realizaram esta percurso formativo na nossa companhia”.
Colaborar, colaborar, colaborar
Desde o início que o Encontro de Outono foi projetado para ser um um fórum dedicado à partilha de saberes e experiências e ao networking, onde todos possam ser uma voz ativa e, em simultâneo, tenham a oportunidade de começar ou dar continuidade a parcerias com colegas que investem a sua energia nas mesmas áreas temáticas. Este grau de colaboração é efetivado entre médicos individualmente, mas também entre grupos de estudos e entre comissões de internos, dando corpo à filosofia de abrangência e interdisciplinaridade que marca a especialidade de MGF.
Na primeira edição do Encontro de Outono, poucas sessões foram mais paradigmáticas neste contexto do que a intitulada «Guia de sobrevivência ao puerpério», organizada em conjunto pelo Grupo de Estudos de Saúde da Mulher (GESMulher), Grupo de Estudos de Saúde Mental (GESM) e Grupo de Estudos da Sexualidade (GESEX). Em causa, uma mesa desenhada para debater um período da vida da mulher, do casal e da família que acarreta grandes transformações e que reclama diferentes competências clínicas por parte do profissional de saúde.
Segundo Margarida Sousa Silva, médica de família na USF Génesis e elemento da equipa coordenadora do GESM, a sessão conjunta suscitou desafios significativos mas estava fadada ao êxito, desde o arranque: “não nos conhecíamos pessoalmente e tivemos de trocar conhecimento umas com as outras e perceber o que poderia ser feito. Todavia, somos todas médicas de família e era fácil de identificar que tínhamos muito em comum e que estávamos dispostas a tratar um tema em relação ao qual todas poderíamos abordar questões relevantes. Para mim, foi muito bom estabelecer um elo com colegas de outros grupos de estudos e compreender que, de facto, estamos sempre suportados numa rede colaborativa e que temos muito a aprender uns com os outros”.
Desta sessão, para além do debate gerado no local e do conhecimento trocado entre os presentes, resulta algo mais perene, neste caso uma ferramenta de avaliação do puerpério, que em breve será disponibilizada aos profissionais no site da APMGF, como explica Margarida Sousa Silva: “esta é uma fase muito complexa da vida das pessoas, que exige de nós grande flexibilidade para responder às necessidades do casal e da família. Assim, é positivo contarmos com esta ferramenta, que nos permite realizar a consulta de uma forma mais sistematizada e completa, com a capacidade de verificar se cobrimos uma série de pontos de uma checklist importante”.
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