Perante o atual cenário disruptivo provocado pela propagação do SARS-CoV-2 e no rescaldo do Dia Mundial da Saúde 2020, o presidente do Conselho de Administração da Fundação para a Saúde – Serviço Nacional de Saúde (FSNS) e antigo presidente do Infarmed e bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, José Aranda da Silva, considera que “a pandemia veio demonstrar a indispensabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) público, universal e participativo. A despesa em saúde é o melhor investimento para garantir o bem-estar dos cidadãos e garantir o desenvolvimento económico. Não há desenvolvimento sem populações saudáveis”.
A FSNS defendeu recentemente em comunicado que “a intervenção precoce dos profissionais e equipas de Saúde Pública a nível local” foi fundamental para gerir inicialmente os efeitos da pandemia, frisando também que as equipas hospitalares e os profissionais das unidades de cuidados intensivos, em particular, “tudo têm feito para salvar vidas, em situações críticas”.
A Fundação deixa também uma palavra de apreço aos profissionais dos cuidados de saúde primários (CSP), em especial aos que têm intervenção nas Áreas Dedicadas à COVID-19 na comunidade (ADC-C), muitas vezes confrontados com a iniquidade que vigora no terreno: “a disparidade inicial de modos de organização, de condições e de meios destas ADC-C deve ser rapidamente superada, para segurança dos profissionais e eficácia da sua ação. Paralelamente, e com mais continuidade e consistência, é reforçada a intervenção personalizada e de proximidade dos enfermeiros de família e dos médicos de família em todas as unidades de cuidados de saúde primários do SNS. Tudo isto tem sido possível porque Portugal dispõe, felizmente, de um SNS – apesar do desinvestimento e da fragilização de que foi anteriormente alvo”.
O Conselho de Administração da FSNS admite que “a crise evidenciou fragilidades, insuficiências e problemas, mas também mobilizou vontades e esforços para os minorar. Tudo isto tem contribuído para atenuar o sofrimento humano e reduzir a ansiedade social”. Assegurando aos portugueses que esta inimaginável crise há-de passar, a FSNS advoga que dela “decorrerão muitos ensinamentos” e que muito terá de mudar no futuro do SNS, “desde o investimento, orçamentação e governação do SNS, à reorganização das suas instituições, serviços e equipas, por forma a assegurar continuidade e integração de cuidados, centrada em cada pessoa. Tal exigirá eliminar uma burocracia piramidal, com patamares intermédios díspares e desnecessários, que podem retardar decisões e comprometer a ação de quem está nas linhas da frente”.