Quatro membros do Grupo de Estudos de Gestão em Saúde (GEST) da APMGF – Deolinda Chaves Beça, António da Luz Pereira, José Pedro Antunes, Miguel Ornelas Azevedo – publicaram um artigo de opinião no jornal «Expresso», intitulado «O inverno e os serviços de saúde: a roda existe, mas onde estão as peças?», que pode ler aqui na íntegra.
Neste artigo, os representantes do GEST defendem que “os médicos de família já trabalham no limite, com agendas preenchidas por consultas programadas e o seguimento de situações igualmente prioritárias” e que o recente Despacho n.º 14212-A/2024, que procura organizar a resposta à sobrecarga sazonal e sugere a criação de consultas extra para responder à doença aguda pode conduzir a uma situação insustentável: “o despacho não menciona o reforço das equipas nem a contratação de profissionais adicionais. Ao pedir aos mesmos profissionais, já sobrecarregados, que façam ainda mais, sem oferecer condições adicionais, o resultado é previsível: maior cansaço, maior exaustão e, inevitavelmente, impacto na qualidade dos cuidados prestados”.
Os autores adiantam ainda que “todos os anos enfrentamos os mesmos problemas” e que “a roda não precisa de ser reinventada; precisa de peças novas”. Assim, advogam a “implementação de consultas abertas nas consultas externas hospitalares”, o aumento do “número de médicos de família disponíveis, organizados no modelo que já demonstrou apresentar maior eficiência no SNS, o modelo USF.” e, acima de tudo, um planeamento “com antecedência, investir nas equipas e implementar soluções sustentáveis”. Por último, os quatro membros do GEST consideram que “a saúde dos portugueses não pode depender de medidas de última hora. Merece um plano sólido, profissionais valorizados e um Serviço Nacional de Saúde preparado para os desafios previsíveis”.