Durante a cerimónia de abertura das 22ªs Jornadas de Medicina Geral e Familiar (MGF) dos Açores, organizadas pela Delegação Regional dos Açores da APMGF na Ilha Terceira (Terceira Mar Hotel – Angra do Heroísmo) entre os dias 7 e 9 de maio, o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), Nuno Jacinto, destacou a força da especialidade na Região Autónoma dos Açores, que permite um conquista assinável: “não é fácil fazer 22 edições destas jornadas científicas e, por isso, há que deixar uma palavra de felicitação à Delegação Regional dos Açores da APMGF. É importante que continuemos a ter esta capacidade de nos reunirmos, de refletir e trabalhar em conjunto”. Nuno Jacinto lembrou que vivemos tempos de intensa mudança nos sistemas de saúde, “agora com alguma incerteza pelo meio. É, portanto, necessário voltar a reafirmar o papel da nossa especialidade. A APMGF assume muita essa função e permanecerá resoluta nesse caminho, não só ao nível técnico-científico, mas também na área sócio-profissional, onde mantemos uma constante intervenção. O objetivo é o de que possamos ser a voz de todos os médicos de família (MF), especialistas e internos, estejam eles onde estiverem, nos Açores, na Madeira ou no Continente, no setor privado, no SNS ou nos Serviços de Saúde Regionais. Contem connosco para a defesa intransigente da qualidade no exercício da MGF, com toda a diferenciação técnica e segurança que merecemos”. O presidente da APMGF deixou ainda a certeza de que os órgãos nacionais da Associação estão muito comprometidos com o crescimento da Delegação dos Açores da APMGF, sendo prova disso mesmo a nova sede da Delegação em Ponta Delgada, cujas instalações já foram adquiridas e estão prestes a entrar em obras de adaptação, possibilitando em breve aos colegas açorianos contarem com um espaço físico no arquipélago.
Tatiana Nunes, delegada distrital da APMGF nos Açores, salientou na ocasião “que estes são três dias de partilha de conhecimentos, práticas clínicas, dúvidas e opiniões, entre outras coisas. Com 180 inscritos, é de facto um orgulho contar com uma sala cheia. É também com gosto que contemplo que estas jornadas se tornam importantes e características da formação de todos os médicos e, em especial, dos médicos de família dos Açores, sejam estes internos ou especialistas (…) Como médicos empenhados no seu trabalho e formação contínua, este estímulo motiva-nos a continuar”.
Rita Andrade, em representação do Diretor Regional de Saúde dos Açores e da Unidade de Saúde da Ilha Terceira, reforçou que “a MGF é o pilar do nosso sistema regional de saúde. É na base, junto das populações e nos centros de saúde e nas unidades de saúde de ilha, que se desenha a primeira resposta aos desafios mais complexos da atualidade, o envelhecimento da população, as doenças crónicas, a saúde mental e o combate à desigualdade no acesso aos cuidados de saúde. Os MF são os profissionais da proximidade, acompanhamento contínuo e visão integrada da pessoa ao longo do seu ciclo de vida. Nos Açores, com a dispersão geográfica que nos caracteriza, essa missão assume uma importância ainda maior, exigindo compromissos, resiliência e uma grande capacidade de adaptação”. A dirigente considerou ainda que estas jornadas “são um espaço para discutir o futuro da profissão, os novos desafios da formação médica, o impacto da inteligência artificial na prática clínica e o equilíbrio entre a humanização dos cuidados e a crescente exigência técnica. São temas que nos convocam a todos, decisores, clínicos e comunidade científica”.
Rui Bettencourt, da direção do Conselho Médico da Região Autónoma dos Açores da Ordem dos Médicos, recordou que aquela estrutura tem realizado reuniões com profissionais de todas as unidades de saúde da Região Autónoma e que dessa ronda de encontros, a encerrar no final do presente mês, resultará “um relatório a apresentar à tutela e no qual estarão plasmadas as sugestões de melhoria que nos foram transmitidas. Há, da nossa parte, uma preocupação constante em sensibilizar o poder político, no sentido de serem criados mais atrativos para a fixação dos médicos na região, nomeadamente na especialidade de MGF, criando condições melhores para o exercício da atividade profissional, como sejam a questão dos horários de trabalho, o acesso a informação partilhada entre unidades de saúde com um sistema informático mais adequado ou o apoio à formação, tanto para os internos, como para os colegas especialistas”.