A comunicação em consulta é sempre um desafio para o médico de família, seja em que circunstância for e quaisquer que sejam as famílias e utentes envolvidos. Mas na prestação de cuidados a determinadas pessoas, que possuem atributos ou necessidades específicas, esse desafio pode ser ainda mais acentuado. Daí a importância de estar presente na mesa-redonda que decorrerá no 41º Encontro Nacional da APMGF que clarificará “Como comunicar com cegos, surdos e neurodivergentes”. A sessão será moderada por Carina Peixoto Ferreira (médica de família na UCSP Vieira do Minho e membro da Direção Nacional da APMGF) e beneficiará de intervenções a cargo de Ana Sofia Lopes (terapeuta da fala no Agrupamento de Escolas Eugénio de Andrade – Porto – e doutoranda em Ciências da Cognição e da Linguagem) e de Mariana Couto Bártolo (médica e vice-presidente da Federação Portuguesa das Associações de Surdos).

A comunicação é primordial e a base da consulta médica. Esta precisa de ser acessível e inclusiva, sem barreiras, na expressão oral, escrita, no acesso aos conteúdos em papel, audiovisuais e virtuais. Quando a pauta é a pessoa com incapacidade, o maior entrave está justamente no acesso à comunicação. Desta forma a promoção da comunicação acessível é primordial. Nesta sessão pretende-se identificar os principais obstáculos na comunicação com o utente portador de incapacidade, abordagem de algumas estratégias para ultrapassar barreiras e ferramentas disponíveis para apoio na consulta.

Na perspetiva da terapeuta da fala Ana Sofia Lopes, “a sensibilidade de um profissional de saúde para perceber como uma pessoa consegue comunicar permite ajustar a forma como transmite a mensagem e melhorar as condições que permitem a sua compreensão. A passagem de informação entre médico e paciente é essencial para estabelecer relação terapêutica e tomar decisões informadas. Assim, serão partilhados nesta sessão alguns desafios na interação com pessoas com diferenças na comunicação e estratégias concretas para as aplicar”.