Cerca de 75% dos doentes renais diabéticos mostram-se extremamente preocupados com o agravamento da doença renal e o potencial risco de terem de fazer diálise no futuro. Esta é uma das principais conclusões de um estudo realizado pela empresa Spirituc e intitulado «Doença Renal Diabética em Portugal – A visão dos doentes», que tem como objetivo avaliar as atitudes e perceções dos doentes com doença renal diabética sobre a sua doença, assim como as suas necessidades e expectativas, bem como avaliar a satisfação com os cuidados de saúde prestados. Este estudo contou com o apoio da APIR – Associação Portuguesa de Insuficientes Renais, APMGF, Sociedade Portuguesa de Nefrologia e Bayer Portugal. A investigação traz-nos dados de campo importantes, numa semana em que se assinala o Dia Mundial do Rim (14 de março).

No âmbito do mencionado estudo foram inquiridos cerca de 180 portugueses com doença renal diabética, representativos da população nacional com 50 ou mais anos, dos diferentes estádios da doença renal crónica. Um total de 52% eram do género masculino e a grande maioria (73%) em situação profissional não ativa (reformado/desempregado), com 65% destes diagnosticados há pelo menos cinco anos. Praticamente um terço (32%) dos doentes renais diabéticos referem que não sabiam nada ou quase sobre a doença aquando do seu diagnóstico. Se, por um lado, 86% dos inquiridos atribuem uma elevada relevância à realização das análises relacionadas com a sua função renal, cerca de 11% referem não ter realizado análises aos parâmetros renais no último ano, conforme preconizado pelas recomendações clínicas.

A maioria dos inquiridos afirma ter necessidade de algum apoio, tal como incentivo à adoção de uma alimentação saudável, apoio financeiro para a compra da medicação ou incentivos/alertas para monitorização da função renal. A avaliação dos atributos da doença permitiu concluir que ao longo do percurso o maior desafio é aceitar o diagnóstico, a principal frustração para além do diagnóstico é o controlo da doença, o principal sucesso é a não progressão da doença, em linha com o principal desejo e expectativa, que passa por manter a doença controlada. “Má” é a palavra que foi mais frequentemente referida por parte dos doentes quando pensam na sua doença renal diabética, seguida de “Terrível” e “Medo”. Quanto à avaliação do estado de saúde, apenas dois em cada dez inquiridos com doença renal diabética considera que a sua saúde é “Boa” ou “Muito Boa”.

No que respeita ao acesso aos cuidados prestados pelo SNS, 36,6% dos entrevistados refere ter de aguardar mais de quatro semanas para conseguir ter uma consulta de Nefrologia. Quando questionados sobre o que poderia ser feito no sentido de melhorar a acessibilidade destes doentes aos cuidados médicos, 71% refere uma referenciação precoce pelos especialistas em MGF e uma maior capacidade de resposta por parte dos serviços públicos (nomeadamente hospitais), resposta escolhida por 70% dos inquiridos.