Tornou-se conhecido da opinião pública o resultado desanimador do último concurso de colocação de especialistas em Medicina Geral e Familiar (MGF) em unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS): 924 vagas disponibilizadas, 143 concorrentes e 29 desistências, o que corresponde a uma taxa de renúncia de 20%.

António Luz Pereira, vice-presidente da APMGF, garantiu à TVI que a falta de atratividade do SNS para os recém-especialistas em MGF se justifica, em parte, com uma baixa dignificação da carreira e condições remuneratórias desadequadas: “no início de carreira estamos a falar de 1700 euros mensais, sendo que no privado ou no estrangeiro (algo confirmado pelos estudos da OCDE), os colegas podem ganhar 50%, 60% ou 70% acima desse vencimento”.

Mas existem outras condicionantes ligadas à conjuntura atual que podem ajudar a explicar o afastamento dos centros de saúde por parte de quem termina o seu internato da especialidade, questões como o impulso da tutela em vincular a remuneração dos médicos de família ao seu perfil de prescrição: “nenhum profissional gosta de ver relacionado os exames ou a prescrição de medicamentos que acha mais adequada para o utente com a redução do seu salário. Por razões éticas, isto não deveria acontecer”, alerta António Luz Pereira.